6 de novembro de 2013

Pretensões, desespero e objetivos.

original

Todo mundo.
Desespero
Todo mudo.
girando atrás do desejo:
Mesquinho-coalhado
como leite azedo.
Estragado.

Podre é a maçã
que caiu madura do pé?
Ou é você que finge ser rei
e é só um zé?

16 de outubro de 2013

Gravidade - Mínima Resenha

Gravidade - Filme - Mínima Resenha

Como seria ficar completamente sozinho? A gente pode imaginar, ou ter um gostinho dessa experiência ao ficarmos no escuro do nosso quarto, durante a noite. Mas, e quanto aos ruídos, barulhos da geladeira, ou algum cachorro latindo ao fundo, lá no quintal da dona Maria? O silêncio e a escuridão são as verdadeiras companhias dos que estão solitários. 
Agora, imagine não poder respirar direito, ou perceber que você não passa de um mísero grão de areia no infinito universo em que vivemos e que, a qualquer momento, você pode ser evaporado, assim, sem mais nem menos. Sem aquela história de que a vida é algo precioso e santo. Nada. Você não passa de algo pequeno, e apenas é parte dessa imensidão do universo. 
É isso que você percebe ao ver o novo filme da Sandra Bullock, Gravidade. 

15 de outubro de 2013

Um abraço

Um abraço - Contos - Mínima Ideia

Eu gostaria que você se visse como eu te vejo, meu filho. Gostaria de verdade. Tenho orgulho de ter criado você. Minha barba branca e as rugas em meu rosto não negam que o tempo passou. Mas o tempo voou pra mim, e agora você já não se lembra mais de como éramos unidos. Pra você, as marcas dos anos ainda não chegaram, e espero que demorem a chegar, meu pequeno. Saiba que tudo aquilo que fiz foi para que você pudesse fazer de sua vida algo bom. E acho que de certa forma eu consegui. Não digo que não tenha arrependimentos; todos os têm. Digo apenas que não me arrependo por ser seu pai, e me orgulharei até o dia em que minha morte chegar. Só sinto que esse dia está próximo, e queria mais uma vez que pudéssemos nos abraçar. É só disso que eu preciso.

11 de outubro de 2013

A caminhada

A caminhada - Contos - Mínima Ideia

Rumava, vagarosa, ao topo da parede branca. Suas pernas eram asquerosas, mas não ligava pra isso. Na verdade, ninguém parecia ligar pra isso. Sua caminhada lenta se dava por conta da refeição, recém realizada. Estava com o estômago cheio, e não tinha pressa e nem casa pra ir. 
Queria apenas andar, e andar.

4 de outubro de 2013

Dueto de Um, pt. V

Dueto de Um, pt. V - Contos - Mínima Ideia
Fonte: http://goo.gl/BlEfLX
Gostei muito da cara do pudim de leite. Se bem que um pedaço da torta de limão seria maravilhoso depois dessa feijuca, não? Não, não acho. Poxa, cara, vai por mim, um limãozinho faz bem pra digerir todo esse feijão e pedaços de porco que mandamos pra dentro. Não, já falei: vai ser o pudinzin. Puts, você é realmente chato, sabia? Não, ninguém nunca me falou isso, e não serei eu mesmo, ou vocêu mesmo que dirái isso. Eu digo o que eu quiser, e lhe arrebento a fuça se discordar de mim. Tente, rapaz, cai pra dentro. Mas eu já estou dentro! Ah, sim, é verdade. Mas como eu ia dizendo...não lembro o que ia dizendo. Você tava falando que queria comer a torta. Não, eu queria o pudim! Não, eu queria o pudim! Não era isso, mas já que você quer o pudim, eu vou querer a torta. Ah, lá vem você me contrariar. Estou aqui pra isso. Olha, olha, estão levando o último pudim, seu maldito! Como diria o Nelson: Ha, Ha. Bom, o que nos resta então é comer a torta. Sim, eu ganhei. Você sempre ganha. Não sei como você consegue perder para si mesmo. Nem eu. Ah, não, segura aquela moça! O que? Ela tá pegando o último pedaço de torta! Acho que vai ter que ser uma 7Belo mesmo...

Veja os posts anteriores dessa série aqui: Dueto de Um

3 de outubro de 2013

Te amo, Azrael

Te amo, Azrael - Conto - Mínima Ideia

Sua cabeça se apoiava na porcelana gelada da parede do banheiro enquanto seus olhos vazios olhavam fixamente para o piso esverdeado que cobria o chão. Era um banheiro comum, desses de hotéis de beira de estrada. Tudo muito artificial, nada ali era familiar ou acolhedor. À sua frente, a porta marrom escuro se abriu de supetão, fazendo com que quase caísse no chão. Estava sentado na privada, com as calças ainda arriadas quando eles chegaram.

30 de setembro de 2013

Uma granada no estômago

Original: DeviantArt.

      Isso não é um teste.
      Você nasceu aqui, está bem crescido para saber que seu corpo é carne e gordura. Esqueça os bits e bytes.
      Esqueça o que aprendeu até aqui, nada-nunca vale a pena.
      Nada, nunca. Suas fórmulas matemáticas e suas boas maneiras são irrelevantes, pare de se mostrar inteligente ou cortês.
      Seu gato não se chama Nietzsche, caralho. Pare com a autopromoção gratuita e arrogante, você também já acreditou em Papai Noel.
      Seu gato é um gato e ele não precisa de nome.
      Sua mãe é sua mãe e o nome dela é mera colagem de uma linhagem.
      Você é você e é um grande acolchoado remendado na história da genética.
      Fruto do que há de aleatório, não se sinta especial. Você pode ir embora do jeito que chegou, assim é a rodoviária da vida. Quem parte para buscar sonhos também pode voltar com os bolsos vazios de esperança. No mesmo lugar. No mesmo ônibus. No mesmo momento.
      Cada começo é um fim, e nessas horas nem te digo onde enfiar Bháskara.
      Nessas horas, nem te digo qual talher usar para comer peixe.
      Nessas horas, nenhum bom-dia para um estranho na rua te alivia.
      Sua educação moral, sua inteligência lógica, tudo vai pelo ralo quando o fim vem antes do começo.
      É o empurrãozinho da gravidade de que tanto falam.
      Ou da loucura, até já esqueci a citação.
      Nessas horas, nenhuma citação memorizada descreve seus sentimentos.
      Não importa quantos álbuns você ouviu na vida, não importa quantos livros foram devorados: Há algo que importa?

29 de setembro de 2013

Nemo


 Infância.  
Início,
emergido do caos.

Era um universo conturbado, cheio de estrelas cadentes e nuvens tóxicas púrpuras, que tornavam a escuridão ao redor um berço familiar. Uma nuvem em especial se chamava Andrômeda, e eu carinhosamente a chamei de mãe.



Nas tensões interiores de seu ser, eu me formava, agitado como um animal selvagem engaiolado, entretanto ela se mantinha serena, cantarolando a sinfonia do universo enquanto escovava suas longas madeixas de cobre. 



Ela compreendia, o que eu nunca quis aceitar, que o destino é implacável até para o rei solar.

Prazer,
Sol ou astro rei,
do que? nem eu sei.

26 de setembro de 2013

Metamorfose Ambulante



"Tudo se faz por contraste, da luta dos contrários nasce a mais bela harmonia"

Podia ser o bom e velho Raul, mas na verdade é Heráclito de Éfeso, um filósofo grego do período Pré-Socrático


E você quer saber o que Raul e Heráclito tinham em comum, além da barba?

25 de setembro de 2013

Elysium


Elysium - Mínima Resenha - Mínima Ideia

Elysium realmente é um filme interessante. Estrelado por Matt Damon, tem os brasileiros Wagner Moura e Alice Braga no elenco (e com papéis importantes para o enredo). Fiquei feliz de verdade por ver Wagner Moura entrando em Hollywood com um papel como esse. Nada contra Rodrigo Santoro, que acabou com um papel pra lá de secundário em sua primeira aparição hollywoodiana, mas que atualmente já tem bastante espaço na terra do Tio Sam, porém Wagner Moura já tinha mais expressão no cenário nacional, o que deve ter acabado facilitando sua entrada nesse papel. Quanto à Alice Braga, não preciso nem comentar que ela já é conhecida dos americanos por seus papéis em Eu sou a lenda, Predadores Ensaio sobre a cegueira.

23 de setembro de 2013

Homem de Ferro lll

Image and video hosting by TinyPic


No filme The Avengers - Os Vingadores, o Cap. Steve Rogers lança um questionamento para Tony Stark, que resumidamente era:

- Tirando essa armadura, o que você é?

E com seu humor ácido ele responde:

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A discussão se desenrola, mas esse questionamento fica e é explorado ao máximo no terceiro filme da saga.

22 de setembro de 2013

a pior das homenagens

Original: DeviantArt.



seus passos se distanciam
dos meus pés
estacados
no meio da multidão em ordem
— só eu no seu caos —
e seu perfume é fraco
e seu choro é alto
e seus passos são curtos
e o dia nem havia começado
mas já era o fim dele
para você.

não pude sair dali.
não quis sair dali.

(você não vai se arrepender?)

21 de setembro de 2013

Escola da Morte

Escola da Morte - Mínima Resenha - Mínima Ideia
Deathigner (Vimeo/Reprodução)
Há coisas que para nós é sacro e para outros é profano, ou dá azar para outros e para nós é sinal de sorte. Essa é a graça da diversidade do ser humano: as coisas são diferentes dependendo de onde você estiver. Inclusive a morte, que é retratada de maneiras diversas ao redor do mundo.
Quando pensamos na morte (pelo menos quando eu penso), as primeiras imagens que me vêm à cabeça são a da Dona Morte dos quadrinhos do seu Mauricio de Sousa, que é até simpática com sua foice e seu longo traje preto, da morte irônica de The Sims e até mesmo a do nosso querido Puro Osso. Mas há muitas outras personificações da Morte, que são diferentes em cada cultura, para cada povo. 

15 de setembro de 2013

Endtrip e a última (e doida) viagem


Endtrip e a última (e doida) viagem - Mínimo Filme


O Mínimo filme de hoje realmente é mínimo. Na realidade, é um curta, chamado Endtrip, do trio Koen de Mol, Olivier Ballast e Rick Franssen, e que mostra como seria se pudéssemos viajar nas profundezas do inconsciente de uma garota drogada em estado de overdose.
As perspectivas utilizadas são surreais, todo o cenário é muito bonito e diferente, além da trilha sonora, que casa perfeitamente com todo o ambiente.
Em pouco mais de cinco minutos de filme, você viaja por coloridas e brilhantes partes da mente e do corpo da menina, lembrando em alguns pontos filmes da Pixar, ou mesmo daquelas introduções espetaculares de alguns filmes da Marvel.

13 de setembro de 2013

Belzebossp

Belzebossp - Contos - Mínima Ideia

Plena sexta-feira treze e, ao invés de estar indo pro inferno, estou aqui, preso no trânsito de São Paulo, indo pro meu trabalho. O que acaba dando na mesma, se você for parar pra pensar. Só que talvez aqui seja um pouquinho mais quente do que no inferno. E o próprio Lúcifer talvez não seja tão demoníaco quanto meu patrão (este nem foi anjo algum dia, mas como Lúcifer, se acha melhor que Deus). Ao menos tá tocando Tenacious D na radiola.  
Os carros vão passando, e as pessoas são piores do que zumbis do Silent Hill. Walking Dead é piada perto da monotonia dessa capital de pedra e esgoto. Antes houvesse mesmo um apocalipse. Talvez assim eu pudesse me mover com meu cavalinho, igual o Rick. 
Mas não, nada de zumbis (não os de verdade, pelo menos), nada de vampiros (a menos que você considere o pessoal lá de Brasília, mas o sangue que eles sugam é colorido e tem imagens de animais da fauna nacional impresso nele), nada de demônios (quem sabe talvez a minha vizinha com seu cabelo de dona Florinda...só de lembrar dá arrepios), nada de exorcismo. Se bem que pro sábado faltam algumas horas, e sábado é sim um dia para exorcizar nossos demônios internos. 
Final de semana é o tempo em que nos encontramos com Belzebu, e arrebentamos de tanto comer aquelas deliciosas esfihas do Habib's que bem poderiam voltar a custar R$0,39, convenhamos. Aliás, falando em avareza, nosso querido amigo Mamon não foge das nossas cabeças nessa sociedade maluqueta. Vamos acumular! E se não acumular, vá se danar nos braços de Azazel, e bom julgamento pra você. Mas voltando ao final de semana, não podemos nos esquecer do nosso lado Asmodeus, afinal, não é só de carne de vaca que vive o homem (e a mulher também, nada de preconceito aqui). Precisamos de carne humana também (e não tô falando de canibalismo ¬¬), precisamos daquele aconchego mais luxurioso, mais quente, mais embalado por sábado à noite. Depois de toda a farra, só nos resta ficarmos bem tranquilos nos braços de Belphegor, naquela preguicinha de domingo, não é? O problema é que, quando toca a maldita música do Fantástico (sim, famigerada e odiada) nada temos a fazer a não ser liberarmos o nosso lado Leviatã e invejarmos aqueles que têm a possibilidade de não trabalhar na segunda de manhã...

Aqui é a cidade dos anjos caídos, sejam todos muito bem recebidos.

E pensar que eu nem cheguei no trabalho ainda...

12 de setembro de 2013

cinco por cinco

Original: DeviantArt.

escuto a noite chegar
e ela não vai embora.
puxa a cama de baixo,
deita-se,
ronca.
não me deixa dormir.

você é obrigado a sorrir
e rasga seus lábios nesse esforço.
sorrisos
feridas
gargalhadas
e vinte pontos nas bochechas.
ninguém quer saber como consegui essas cicatrizes.

a cama é um ácaro gigantesco
onde repouso ossos que se cansam
da necrosão da inércia
da inanição do ócio
da iniciação ao ódio.

rastejo em cinco metros quadrados
e como
e me esqueço de tomar banho
e como
F5
como
Mulder
como
Scully
durmo
e o banho?
como
como
como pode isso?
como posso com isso?

o Sol
o Sol não entra aqui
ele não quer entrar.
as janelas ficam abertas e ele não entra.
só a noite me usa de albergue.
e me suga.
paga sua mensalidade
com sofrimento.

(coral cantando no céu de sangue
há fogo em todas as paredes

tem sido assim há dias
sem plateia
sem câmera escondida
sem pegadinha
sem telegrama legal
sem nada legal
arrasto os pés pelo chão
poeira que se agita
piso gélido
um túmulo de
5x5m².
amém?

(vocês vão tocar Pristina em meu funeral.
I'm watching you.
I'll be with you.)

11 de setembro de 2013

Festim


original

Caçando durante a noite.
Sob o entorpecer do vento,
Calmo como a água e atento.
Do céu dançam as gotículas de leite
Sinto -as sob meus ombros cansados,
elas pesam o Preço.

Preço do coração bombeando,
da emoção fluindo e cantarolando,
da boca, a cada mordida, salivando.
De me sentir vivo.
Caçando.

9 de setembro de 2013

autógrafo

Original: DeviantArt.

vou esperar em sua esquina
com a quietude de um monge
e ali ficar
até te encontrar
e não poder fazer nada
pois nada sou no que chama de vida
além de peso morto
peso pra papel
seus papéis da faculdade
a faculdade que tanto quer
você vai viver disso
e vai morrer nisso
pois sua vida é trabalho
(ou será)
e onde ficará o tempo
para o príncipe encantado
nesse conto de fadas?
não há conto de fadas,
só há um folhetim pornográfico
que comecei a escrever contigo
e você não pode negar
que essa sua vida
é dedicada a mim.
vou esperar em sua esquina
como o autógrafo em sua pele
que você vai tatuar
e guardar com carinho
em seu caixão.

6 de setembro de 2013

Meu reflexo em você

Meu reflexo em você - Poemas - Mínima Ideia

Gosto do meu rosto
refletido no óculos de sol
que se pendura no seu nariz,
que faz sombra pra sua boca.
Ah, sua boca!
Queria vê-la refletir
o sorriso dos meus lábios,
os amores já amados,
e minha vontade
de te querer.
Mas o óculos
cobre os seus olhos,
impede-me de ver-lhe a alma.
Janelas escuras e tensas,
fechadas para meu mundo,
seus olhos fogem de mim.
Queria uma maneira
de poder entrar no seu mundo,
nem que fosse por um minuto.
Então, embriagado,
aconchegar-me-ia no seu colo,
dormiria como criança,
respiraria e sonharia,

como se fosse natural.

5 de setembro de 2013

Números

Original: DeviantArt.

Façamos as contas:

Mais de quinhentos amigos no Facebook,
Cinquenta online só agora.
Daqui pra lá são seiscentos quilômetros.
Zero no bolso (sem brincadeira).
Quinze meses escoando pelo bueiro de um dia de chuva.
Noventa álbuns ouvidos só esse ano.
Cinquenta e seis horas de música no computador.
Oito horas de viagem.
Seis do nove é o dia do sexo. E é amanhã.
Vodca de 600ml guardada, quase intocada.
De baunilha, com gosto de meio-dia.
São 9:05.
19 anos nas costas infantiloides.
Tem gente indo para o quarto ano de faculdade
e eu não sei ficar dois dias consecutivos estudando.
Uma média de 26 minutos para cada episódio de Californication.
Uma média de 45 para Arquivo X.
Transtorno de dois pólos, talvez.

24 de agosto de 2013

Cronoscópio

                                                                                          Asas Escuras.
original

Bocejo.
Pausa para lavar o rosto.
Meus olhos ardem toda manhã.

Barulho, estopim e um suspiro.
Resquícios de gás tóxico.
Náusea.

22 de agosto de 2013

Outra noite em casa

Outra noite em casa - Poemas - Mínima Ideia

Assisto a tv sem realmente ver o que passa.
Meus olhos estão quase fechados,
Já é madrugada e eu estou cansado,
Mas sem sono.
O sono não vem como a solidão,
Que aparece sorrateira,
Se instala na vida,
Como a barba que cresce na gente.
Não, o sono não vem.
Resolvo olhar a geladeira,
Pra pensar um pouco,
Afinal, não tem nada nela há tempos.
Talvez algum alface murcho que ela deixou.

Não tive coragem de jogar fora.

As lembranças são muitas,
Mas fogem da cabeça se não tiverem ajuda.
E o alface ajuda.

Ajuda a lembrar que ela não está aqui.

16 de agosto de 2013

O engraxate

O engraxate - Poemas - Mínima Ideia

Estava andando lá no centro.
É um lugar interessante, o centro.
Tem muitas pessoas.
Não que eu goste de muitas pessoas,
mas as de lá são interessantes,
como o centro.
Havia um engraxate lá,
trabalhando pouco,
mas mantinha a pose.
As pessoas não se importam
mais com os sapatos hoje em dia.
“Vai uma graxa?”
E nada de ir.
E ele continuava lá,
empertigado com sua caixa de engraxate.

13 de agosto de 2013

O Que Eu Bebi.



 Aqui vai mais um texto em prol da memória de desamores e suas curas, sempre em embalagens sedutoras e cada vez mais atraentes. Você tem a minima ideia de quantas semelhanças existem entre um corpo de mulher e as formas das garrafas das bebidas que vão no seu drink favorito?! Esse texto aconteceu durante uma bebedeira das boas e foi embalado por uma conversa a respeito do meu assunto preferido: Mulheres. 
Atenciosamente, 
do seu amigo, Wolf.


Bebi por causa da poesia, da saudade, das moças. De todas elas que ainda insistem em se fazer presente em minha mente depois que tanta gente gentil já partiu! Foram todos tragados por meus tragos enquanto ficava com o coração em trapos. Panos que elas usaram pra secar os prantos enquanto dividiam-me em partes pra que cada uma pudesse pensar em mim como um porto particular.

Bebi sozinho e acompanhado.
Bebi quietinho e também irado. 
Bebi tudo o que eu vi, 
que foi achado. 
Bebi do Tucuruvi 
até aqui do lado. 
Bebi o que eu senti e me foi mandado. 

Bebi as lagrimas e o sangue, 
o leite da lua e a  água do mangue. 
Bebi até vodka barata misturada com Tang.

Era tanta sorte e ao mesmo tempo tanto descaso 
que não podia ser só obra do acaso. 
Era a porra do destino rindo daquilo que eu faço. 

Não quis saber de noticias, eu dizia: 
-Um copo que me conte. 
Não sabia se jogava na mega sena ou se me jogava da ponte.

10 de agosto de 2013

Nova


original: http://possim.deviantart.com/art/blind-277092558

Você tem a mínima ideia da beleza que nossos olhos perdem todos os dias?  Observe os detalhes.

Era velha e vazia.
E isso a definia bem,
sem memórias e ninguém.

Seu teto era mal acabado,
seu chão sujo e escarrado
Esboço do vivido fardo.

Orgulhosa demais para se entregar,
até o pó insistia em lutar na permanência.
E mesmo sem a vida ter plena consciência,
no retalho do chão ela estava a verdejar.

Peça do acaso ignorando todos os fatos,
ela crescia embelezando o ultrapassado,

Trazendo esperança neste coração pisado,
Raiando esplendorosa pelo céu de maio.

9 de agosto de 2013

Home sick home (momentos a sós, parte 2)

Detalhe da capa de "Album of the year", do Faith No More.

      Momento 1
      Uma paixão por dia. É assim que segue a vida volúvel de um solteiro que quer ficar nessa condição. É amor intenso que acontece entre vinte e quatro horas, pois não se sabe como será o amanhã.
      Cada conversa no ônibus é tratada com a voracidade de um arranca-roupas do bom e velho entra-e-sai. Cada olhar que se encontra é certamente uma nova oportunidade se abrindo feito leque.
      A sensação de um dia após o outro é latente quando se está só.
      Porque quando se está só, a luta para encontrar alguém é constante, é o leão de cada dia. Acordo sozinho toda manhã e me preencho do fogo das amostras grátis de amor. Chega a noite, o calor do Sol se vai assim como o calor desse mesmo fogo, e a cama é um aparato vazio, quase a forma sólida da melancolia.
      (Com sorte dá para arranjar um "boa-noite", e aí o colchão se torna um pouco mais morno.)
      Mas isso não é ruim, e faço dessas palavras de Gustavo Gitti as minhas:

"Observe o que acontece em um banho gelado. Ao enfrentar uma temperatura mais baixa, em vez de receber, geramos calor. O desconforto ativa aquilo que sempre esteve presente: nossa própria fonte de energia, calor, intensidade, tesão, potência, amor, paixão, segurança, confiança. O frio nos ativa, desentope, esquenta."

      Eu odeio inverno e ainda tomo aquele conhaque para enfrentá-lo. Mas o frio interno é combustão plena.

      Momento 2
      Estou escrevendo para mim mesmo e foda-se.
      (Ai, como sou rebel rebel.)

      Momento 3
      Hoje peguei o ônibus errado pra parar no lugar certo: Na rua de sua casa. Não é a primeira vez que faço isso e não será a última. É um pouco doentio, sim, assumo, mas é doença crônica, daquelas indissociáveis de nós. A cegueira de Stevie Wonder, a má-formação das orelhas de Paul Stanley, a dislexia e o DDA de Ozzy Osbourne: Coisas que não saem de nós nem se sairmos delas.
      Saí de sua casa, mas ela não saiu de mim. Deixei você, mas você não me deixou.
      Lar, doente lar. Ele é a minha cura.

      Momento 4
      Coloco a mão no bolso e sinto que ele está mais vazio: Desperdicei um "eu te amo". Foi para a pilha de descartes, mas talvez alguma carta de efeito a coloque de volta ao jogo.
      Mas é algo que pedi, quase ajoelhei e implorei para os deuses, e essa constatação piora tudo: Não se dá algo para quem não quer receber. O presente fica ali, à porta da casa, abandonado feito bebê na cesta. Apodrece feito fruta na cesta. Some feito marido na sexta. Tem gente que é muito melhor sozinha, e tenho que conviver com essa informação.
      É o que resta, pois gente assim é um porre.
      Um porre que tomo com prazer quando quero dormir num sofá vazio no fim da noite, quando a noite acaba ao meio-dia e o tempo deixa de existir (então dane-se esse meio-dia aí).
      Tudo está de cabeça para baixo e meu bolso se esvazia. Prometo a mim mesmo que a próxima jogada será mais, hã, prudente.

7 de agosto de 2013

Recusa

Original: http://goo.gl/6Go7GT

i.

    Você veio e se sentou ao meu lado naquela manhã. Viu que eu não comia há semanas e estendeu, descompromissada, o saquinho de batatas fritas à frente de meus olhos famintos. Sorri e recusei, por humildade imposta. Você insistiu e acabei pescando duas ou três.
    Demorei meses até poder voltar a comprar o lanche no intervalo da escola. Meus pais voltaram às atividades normais até Julieta nascer, com direito a uma promoção inesperada no escritório da minha velha e tudo mais. Despesas em dobro, salário em dobro. As coisas estavam caminhando.
    Enquanto não caminhavam, duas ou três batatas fritas para enganar o estômago e satisfazer minha fome de viver.
    É fácil se apaixonar na quarta série, e foi o que aconteceu.

ii.

31 de julho de 2013

Cigarros, datas comemorativas e outros perigos (momentos a sós, parte 1)

Original: http://tameroftheshrew.deviantart.com/art/Ashtray-85294670

      Momento 1:
      Datas comemorativas não são para mim: Nada de ovos na Páscoa, sempre esqueço de comemorar meu aniversário, nunca compro presente nos dias dos meus pais. (A fuga à regra é o Ano-Novo, data cabalística que dita muita coisa.) E hoje é dia do orgasmo, então imaginem? Nada de orgasmo, certíssimo.
      Pelo menos não fingi um.

      Momento 2:
      Fico no primeiro andar da livraria com o livro subliminarmente indicado por ela em mãos. A poltrona é confortável o bastante para eu esquecer o mundo lá embaixo, mas os olhos sempre escapam das letras (brancas no papel preto, todo um charme) para o térreo, esperando aquele encontro único entre tantos milhões em São Paulo — e isso sem contar os gringos, já passou um casal deles aqui ao lado.
      Quando se está só, todos estão com você. É meio aquela dos Tribalistas, "eu sou de todo mundo e todo mundo é meu também". E isso é uma constatação bem solitária. Parece o contrário, mas pense a fração ínfima do mundo que você pode absorver. Sim, tantos zeros à direita após a vírgula que a absorção se satisfaz com um gesto ou uma roupa diferente. Um papo, talvez. Mais do que isso e já se torna uma divisão injusta.
      (Ah sim, a vida é injusta. Mas isso já está implícito no que escrevo.)

27 de julho de 2013

Carpe Diem, Cravo e Rosa.





O Cravo brigou com a Rosa, de baixo de uma sacada... O Cravo saiu ferido e Rosa despedaçada.

Das cantigas pra vida real, sem a menor chance de poder trocar de canal. O Cravo teve seus desmaios, e Rosa sua choradeira. mas você não faz a minima ideia de como essa briga foi feia. Eu fui o Cravo, ela foi a Rosa. Nos fomos do mesmo jardim. Mas hoje não mais flores?! Não pra ela, nem pra mim.

A Rosa parou na esquina,

com esquadros pra desenhar,
o Cravo cantou sua sina,
E a Rosa não quis cantar.

A Rosa estava chorosa

e decidida à despetalar.
Pro seu escravo ela esta cheirosa,
mas isso não parecia importar.

A volta pálida



Girou em infinitas parábolas,
compreendendo a alma humana
em todas suas facetas falhas.

Olhou para o céu temeroso,
por toda sabedoria amarga,
temendo o velho esporro.

Cambaleou para lá, depois para cá,
procurou um lugar para finalmente ficar,
mas surpreendido tornou a novamente rumar,
pelo velho horizonte cheio de marajás.

E dos conhecidos pouco aprendeu,
porém desse pouco tirou o muito:
que só um velho abraço apertado,
na volta, poderá ensinar.

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Para todos os reencontros.

7 de junho de 2013

Meus discos

http://bit.ly/17vSPDo


Eu ouvia meus discos em casa.
Nada demais. Eles tocavam, eu os ouvia,
E bebia minha cerveja em paz.
Até que ela chegou.

Escancarou a porta,
Como se ainda morasse lá,
Entrou chutando a estante,
Derrubando meu rádio.
Vinha com suas longas pernas,
Expostas sob o vestido quase transparente.
Ela tinha engordado,
Mas ainda estava linda.
Mais linda do que nunca.
Tinha ódio no rosto,
Um ódio tenso, nervoso.
Eu não sabia onde aquilo pararia.

31 de maio de 2013

Meu copo meio cheio, minha memória meio fraca

Mal entrei no quarto
E me deparei com aquele corpo
Todo torneado e estatelado na cama.
Que mulher dengosa!
Nem acreditava que ela estava ali ainda.
Tinha me levantado pra mijar à noite,
E me dei de cara com ela ali na volta.
Não me lembrava de como
Ela tinha ido parar ali.

25 de maio de 2013

No fim da carne


Miséria — parte integrante da humanidade.
Deuses se debruçam sobre ela,
inventados por almas esquálidas
e famintas, à míngua do sorrir.

A miséria abstêm esse poema de rimas,
tão supérfluas diante a fome
de algo que satisfaça o vazio
estacado em seres de pele morta.

Engatinho para suprir minha desnutrição.
Minha saliva é rala, se esquece
na boca podre — maçã podre! —
por onde larvas eclodem em fel.

E a miséria me impede de continuar.

24 de maio de 2013

O mundo em minhas mãos

http://bit.ly/10NIKB2


Me cansei dos moldes da sociedade, dos laços que me prendem a esse mundo vão. Cansei das cores das ruas e da falta de cor delas. Os olhos famintos da multidão que me devora e nem me percebe. Sou apenas uma mosca que pousou na sopa da sociedade e foi engolida, sem nem fazê-la engasgar. Sou fruto do pecado original, sou tenso e sou fugidio. Quero a luz e a sombra ao mesmo tempo, quero mais, quero tudo. Os carros caros e as mansões devem ser meus. As pessoas que me pisaram devem ser postas em arreios e me servir de cavalinhos. Usarei calças de jóquei, correrei as corridas que ninguém correu. Não me cuspa ainda, sei que tenho futuro.

18 de maio de 2013

Big Bang


Antes
de tudo,
TUDO
deve existir.

E é esse monte,
montanha, vale,
que vale a pena
do pássaro e a crina
do cavalo e a unha
de Noé.

Os anéis de Saturno
e os de brilhante
e a Wi-Fi do vizinho
e o dinheiro do patrão.

O vazio é um óvulo
fecundado pelo Big
Bang-
ue-Bangue,
faroeste,
velho oeste,
pintura rupestre,
o começo da vida.

Tiros para todos os lados
(antes dos lados existirem)
e direita vira cometa
e esquerda vira planeta
e no alto há luas
e no inferno há duas
mulheres na recepção
esperando sua confirmação.

— senhor, assine aqui,
senhor,
e aqui, senhor,
muito obrigada,
senhor,
tenha uma boa estadia.

Depois
do filho,
do livro,
da árvore,
da morte
do filho, do livro e da árvore:
nada acontece.
NADA
é um Universo em movimento
que ninguém vê
pois o Universo
de cada um
é o próprio
cada
um.

17 de maio de 2013

O Yin-Yang torto

Mínima Ideia - Yin-Yang torto

Andava com a leveza do vento em seus calcanhares finos e luxuriosos. Os homens a observavam como se disso dependessem suas vidas. As coisas passavam, ela não. Ela ficava, permanecia, quase que estática; ela era. Tudo ao seu redor parecia feio e sem graça. Suas longas pernas delicadas e femininas despiam os pudores dos homens, que chegavam a babar de suas bocarras abertas. Eram nada para ela. Ela era tudo para eles.

Um Yin-Yang torto.

Mas completavam-se.

11 de maio de 2013

P&B

Original: http://goo.gl/Fuwc1

A imagem é granulada, em pê e bê, e mostra um piano.
Alguém sentado à sua frente, tocando notas calmas. Mas a música que toca não condiz: É um filme mudo, então.
O vídeo treme duas vezes, e parece se arrumar quando pode ser vista a janela na parede aos fundos. Uma grande janela aberta, de cortinas barrocas amarradas à direita, à esquerda. À frente, o céu limpo que parece nublado por causa da (falta de) cor. O homem (de cabelos compridos, mas de casaca, então é homem) continua tocando sua música inaudível enquanto uma peça aos moldes de uma canção de saloon — bem Looney Tunes, mesmo — toma forma por cima do que quer que o homem esteja tocando.
É um ambiente soturno, esse onde o piano está. À direita da janela se estende uma estante de livros de todos os tipos, tamanhos e, supõe-se, cores. Uma fileira na última prateleira visível está recheada de uma coleção uniforme, deve ser a Brittanica. Mais para baixo, em um pedestal só dela, a Bíblia está aberta. Guardando seus lados, estatuetas de querubins que por pouco não parecem só um borrão no vídeo. Um castiçal, então, continuando a travessia dos olhos pela parede dos fundos, apagado mas carregado de pontinhos brancos que só podem ser velas. Qualquer outro detalhe é sumariamente esquecido pela má definição da película.

10 de maio de 2013

Amor matemático


Somam-se os resultados
dos nossos corpos,
multiplica-se a paixão,
divide-se a cama,
subtrai-se o medo.
Essa é a equação
do nosso amor
estranho,
louco,
tolo e matemático.

4 de maio de 2013

Um grande parágrafo

Pois já faz tempo que não escrevo nada assim. Minha vida anda sendo frases soltas, desconexas, fragmentos espalhados pelo chão do tempo. Está na hora de ser consistente e cimentar os pensamentos, de saber o que é verdade e o que deverá sê-la. E tudo em um parágrafo, olha que tarefa complicada. Olha! Mas olha mesmo, isso está sendo impossível. Mas que o desespero se esconda, quero logo minhas certezas, meus bolsos cheios de sonhos seculares e meus joelhos penitentes em carne viva. E um parágrafo grande, já falei que já faz tempo que não faço um desses? Sou uma mensagem de biscoitinho da sorte e ainda acho que conheço a vida (mas quem conhece?), ô prepotência juvenil. Terei mil anos e ainda serei inconsequente, disparando frases que tremem ao vento. Quero frases que resistam à pior das pragas egípcias (e uma noite de lua cheia) (e um parágrafo). Talvez ser jovem consista em uma vontade incontrolável de não ser parágrafo, de fugir das certezas, de ser um poço seco à espera da chuva. E desde quando ser forever young é bom? As leis da natureza estão escritas nas folhas de cerejeira e no ferrão da abelha-rainha, e elas dizem que a vida acaba, que resistir ao tempo é inútil. E é normal nascer palavrinha, virar haicai, depois parágrafo, romance, para, enfim, cair epitáfio. Esse é nosso livro sagrado, nosso Kama Sutra e noss'A Origem das Espécies. Todos teremos mil anos e seremos inconsequentes a ponto de nos arrependermos do ontem (e amanhã nos arrependermos de hoje), mas ainda quero sonhos nos bolsos e joelhos feridos. Não é pedir demais para um dia-frase como esse.


3 de maio de 2013

O mistério da chuva de pães de queijo


http://aromaeartesanatos.blogspot.com.br/2010/09/pao-de-queijo.html


Um dia começou a chover pães de queijo na cidade. Sim, pães de queijo, daqueles bem gostosos. Como eu sei disso? Bom, se dizem que se você estiver na chuva, é para se molhar, se você estiver na chuva de pães de queijo, é para comer pães de queijo.

No começo eu achei meio estranho aquilo, sabe? Até então, era um dia normal na cidade de Muzambinho. Eu andava tranquilamente pela rua de casa, voltando do trabalho na padaria do seu Antonio. Sim, também é Antonio sem acento. Vou fazer o que? Foi assim que registraram o homem. Bom, voltava eu da padaria, quando, já na rua de casa, começaram a cair coisas bem lá do céu, do alto mesmo. No começo não consegui identificar, foi meio aquela coisa de 'é um pássaro? É um avião? São pombos?', mas depois que o primeiro acertou minha cabeça, percebi que eram pães de queijo.

27 de abril de 2013

Texto-coração


      Cada palavra é uma noite insone. É meu grito de autopiedade, uma passeata que pisoteia minhas sinapses. Dói. Olhos fervem.
      Essa, eu poderia dizer, é a história de um homem sem ideias. À frente do notebook, letras digitadas a esmo, será que sai alguma coisa?, e já é a terceira noite. A terceira de todas (as mil e uma), suponho.
      Quero que você saiba minha angústia e dor.
      Quando você quiser. Estarei aqui.
      Aqui onde? Nessa cadeira movediça que me suga para o nada? Meu coração se estilhaça e parece bater, ricochetear, pulsar em cada nervo meu. Minha medula-coração, meu estômago-coração, meu corpo-coração vermelho e roto. E não consigo pregar os olhos.
      Vem cá que a gente casa agora. Casa em casa, qualquer lugar. Um anel no seu dedo e você tomando café comigo, vai que eu durmo.
      Mas sou um homem sem ideias à frente do notebook. Um haicai do que fui. Não sei mais escrever. Minha garganta se arranha, se mutila, tentei de tudo e continuo sendo menos que nada.

      Essa é uma história de amor daquelas que odeio escrever.
      Atribuo mil músicas a você. Os choros da novela parecem mais reais, o sofrimento das ruas também. Dói.
      Ando sobre nuvens de chuva e estou prestes a despencar. Dormir para sempre meu sonho acordado, e fim.

      (Esse final não me agradou.)