3 de maio de 2013

O mistério da chuva de pães de queijo


http://aromaeartesanatos.blogspot.com.br/2010/09/pao-de-queijo.html


Um dia começou a chover pães de queijo na cidade. Sim, pães de queijo, daqueles bem gostosos. Como eu sei disso? Bom, se dizem que se você estiver na chuva, é para se molhar, se você estiver na chuva de pães de queijo, é para comer pães de queijo.

No começo eu achei meio estranho aquilo, sabe? Até então, era um dia normal na cidade de Muzambinho. Eu andava tranquilamente pela rua de casa, voltando do trabalho na padaria do seu Antonio. Sim, também é Antonio sem acento. Vou fazer o que? Foi assim que registraram o homem. Bom, voltava eu da padaria, quando, já na rua de casa, começaram a cair coisas bem lá do céu, do alto mesmo. No começo não consegui identificar, foi meio aquela coisa de 'é um pássaro? É um avião? São pombos?', mas depois que o primeiro acertou minha cabeça, percebi que eram pães de queijo.

Achei que aquele fosse o fim do mundo, e que eu estava sendo arrebatado, afinal, nada melhor que um pãozinho de queijo à tardinha. Mas não. Ao que parece, todos estavam vendo os pães de queijo, e todos eram acertados por eles.

Resolvi correr para minha casa o mais depressa que pude. Por mais que os pães de queijo tivessem uma massa leve, eles estavam quentes e seu choque com minha cara amassada era doloroso. E além disso, precisava pegar logo uma bacia, ou alguma coisa pra recolher os pães, e também pegar o pote de doce de leite que eu tinha guardado no armário, pra poder encher os pãezinhos de doce de leite.
No fim, as pessoas todas foram correndo para fora de suas casas para recolher os pães de queijo. Quem não ficou muito feliz com isso foi o seu Antonio, afinal os pãezinhos dele nunca foram entregues desse jeito, e cá entre nós, também não eram tão gostosos.

Os pãezinhos caíram exatamente por dez dias e dez noites seguidas. E durante dez dias e dez noites eu comi pães de queijo com requeijão, doce de leite, goiabada, acompanhando no café da tarde, bebendo com leite no café da manhã, com suco de abacaxi de tira gosto, com cerveja, vinho, mel, chocolate... Comi pão de queijo de tudo que é jeito. Nem comprei ração pro meu cachorro, Tôto. E sim, não é Totó, nem totô (que ele faz muito, por sinal), é Tôto.

Ao final dos dez dias, os pães de queijo pararam de cair, e as pessoas foram saindo das casas, que nem naqueles filmes de fim do mundo, quando todo mundo vê que o perigo já passou, sabe? Foram saindo das casas, ainda meio desconfiados, mas saíram e, para minha surpresa, começaram a comemorar que tinha parado de chover pão de queijo! Como pode, gente! E lá tem coisa melhor que pão de queijo de graça, caindo do céu?

Antes pão de queijo que cocô de pomba.