Original: http://tameroftheshrew.deviantart.com/art/Ashtray-85294670 |
Momento 1:
Datas comemorativas não são para mim: Nada de ovos na Páscoa, sempre esqueço de comemorar meu aniversário, nunca compro presente nos dias dos meus pais. (A fuga à regra é o Ano-Novo, data cabalística que dita muita coisa.) E hoje é dia do orgasmo, então imaginem? Nada de orgasmo, certíssimo.
Pelo menos não fingi um.
Momento 2:
Fico no primeiro andar da livraria com o livro subliminarmente indicado por ela em mãos. A poltrona é confortável o bastante para eu esquecer o mundo lá embaixo, mas os olhos sempre escapam das letras (brancas no papel preto, todo um charme) para o térreo, esperando aquele encontro único entre tantos milhões em São Paulo — e isso sem contar os gringos, já passou um casal deles aqui ao lado.
Quando se está só, todos estão com você. É meio aquela dos Tribalistas, "eu sou de todo mundo e todo mundo é meu também". E isso é uma constatação bem solitária. Parece o contrário, mas pense a fração ínfima do mundo que você pode absorver. Sim, tantos zeros à direita após a vírgula que a absorção se satisfaz com um gesto ou uma roupa diferente. Um papo, talvez. Mais do que isso e já se torna uma divisão injusta.
(Ah sim, a vida é injusta. Mas isso já está implícito no que escrevo.)
Datas comemorativas não são para mim: Nada de ovos na Páscoa, sempre esqueço de comemorar meu aniversário, nunca compro presente nos dias dos meus pais. (A fuga à regra é o Ano-Novo, data cabalística que dita muita coisa.) E hoje é dia do orgasmo, então imaginem? Nada de orgasmo, certíssimo.
Pelo menos não fingi um.
Momento 2:
Fico no primeiro andar da livraria com o livro subliminarmente indicado por ela em mãos. A poltrona é confortável o bastante para eu esquecer o mundo lá embaixo, mas os olhos sempre escapam das letras (brancas no papel preto, todo um charme) para o térreo, esperando aquele encontro único entre tantos milhões em São Paulo — e isso sem contar os gringos, já passou um casal deles aqui ao lado.
Quando se está só, todos estão com você. É meio aquela dos Tribalistas, "eu sou de todo mundo e todo mundo é meu também". E isso é uma constatação bem solitária. Parece o contrário, mas pense a fração ínfima do mundo que você pode absorver. Sim, tantos zeros à direita após a vírgula que a absorção se satisfaz com um gesto ou uma roupa diferente. Um papo, talvez. Mais do que isso e já se torna uma divisão injusta.
(Ah sim, a vida é injusta. Mas isso já está implícito no que escrevo.)