24 de maio de 2013

O mundo em minhas mãos

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Me cansei dos moldes da sociedade, dos laços que me prendem a esse mundo vão. Cansei das cores das ruas e da falta de cor delas. Os olhos famintos da multidão que me devora e nem me percebe. Sou apenas uma mosca que pousou na sopa da sociedade e foi engolida, sem nem fazê-la engasgar. Sou fruto do pecado original, sou tenso e sou fugidio. Quero a luz e a sombra ao mesmo tempo, quero mais, quero tudo. Os carros caros e as mansões devem ser meus. As pessoas que me pisaram devem ser postas em arreios e me servir de cavalinhos. Usarei calças de jóquei, correrei as corridas que ninguém correu. Não me cuspa ainda, sei que tenho futuro.

Serei o artista e o retrato, serei a alma e o corpo, o livro e o esboço, criação e criador. Serei eu mesmo e todos os outros, a junção do mundo inteiro, a esperança do universo.

E quando tudo for para o espaço, eu abrirei meus olhos e acordarei. Serei eu mesmo o mundo, o escuso, o tudo. Mas ninguém me notará. Mendigarei pelas esquinas às senhoras e às meninas por um mísero centavo, e novamente serei ignorado. Serei obrigado então a me deitar novamente, descansar eternamente e negar ao mundo sua pífia salvação.