27 de abril de 2013

Texto-coração


      Cada palavra é uma noite insone. É meu grito de autopiedade, uma passeata que pisoteia minhas sinapses. Dói. Olhos fervem.
      Essa, eu poderia dizer, é a história de um homem sem ideias. À frente do notebook, letras digitadas a esmo, será que sai alguma coisa?, e já é a terceira noite. A terceira de todas (as mil e uma), suponho.
      Quero que você saiba minha angústia e dor.
      Quando você quiser. Estarei aqui.
      Aqui onde? Nessa cadeira movediça que me suga para o nada? Meu coração se estilhaça e parece bater, ricochetear, pulsar em cada nervo meu. Minha medula-coração, meu estômago-coração, meu corpo-coração vermelho e roto. E não consigo pregar os olhos.
      Vem cá que a gente casa agora. Casa em casa, qualquer lugar. Um anel no seu dedo e você tomando café comigo, vai que eu durmo.
      Mas sou um homem sem ideias à frente do notebook. Um haicai do que fui. Não sei mais escrever. Minha garganta se arranha, se mutila, tentei de tudo e continuo sendo menos que nada.

      Essa é uma história de amor daquelas que odeio escrever.
      Atribuo mil músicas a você. Os choros da novela parecem mais reais, o sofrimento das ruas também. Dói.
      Ando sobre nuvens de chuva e estou prestes a despencar. Dormir para sempre meu sonho acordado, e fim.

      (Esse final não me agradou.)