28 de junho de 2011

Meu jardim

Nasci, e lá estava o meu jardim.
Um campo sem horizonte só para mim.
Havia duas árvores gigantes no meio,
Juntas até que um dia brigaram feio.

26 de junho de 2011

O teatro do deserto

Acerto meus pecados nessa terra seca como o inferno
Da injustiça sou refém.
Debaixo desse sol que não me convém.
Cruel como o mais  frio dia do inverno.

24 de junho de 2011

Bom dia!

Uma das histórias começa no fim de viagem de um casal de namorados. Quando ele está indo embora, ela começa a chorar desesperadamente, até soluça. Ele volta e a abraça, pensando se ela realmente sentiria tanta falta dele quanto parecia. Eles se amavam e tudo o mais, mas era só um fim de viagem. Eles se veriam de novo.
— Por que você tá chorando tanto? — Ele pergunta, com medo da resposta. Ele nunca via sua namorada chorar, pelo menos não tanto.
— É que... é que... Ah, não quero falar.

18 de junho de 2011

O espantalho



Com o espantalho, eu aprendi a ter paciência.
Todos os dias eu olho meu milharal da varanda e vejo o espantalho na mesma posição, esperando o milho crescer. Fica lá, esperando o milharal bater em seus braços, ser recolhido e renascer. Assim, por toda sua eternidade feita de palha, ele sabe que tudo acaba, mas também sabe que muito nasce onde algo termina. E que nada pode mudar isso senão o tempo.

15 de junho de 2011

O discurso de Rodrigo

- Parte 1: A poesia de Adelaide -


Subo no palco. Ah, quantas vezes já fiz isso?

Centenas de pessoas naquele salão me olhavam, esperando minha voz sair pelos alto-falantes. Todo tipo de gente, desde os caras da Portobello Club, passando pela minha família pequena e chegando nas garotas do meu fã-clube. Era muita gente mesmo, até gente que eu nem sabia quem era.
Segurei o microfone com uma mão e o pedestal com a outra. Tentei, por um momento, avistar Adelaide em meio a muita gente desnecessária, mas nada dela. Talvez ela nem morasse mais em São Paulo, caramba. Como fui idiota em convidá-la.
Bem, então vamos lá. Hora do discurso.

10 de junho de 2011

O que eles estão vendo



"Position unknown, loneliness hurts." (Tokio Hotel - Humanoid)

Por algum motivo, sempre nos sentimos sozinhos na multidão. Nossas almas têm claustrofobia.
É só olharmos para os lados que vemos dezenas de pessoas, talvez centenas. Todas com um aglomerado de informações equivalente ao seu. Todas com problemas, com confissões e segredos.
E ninguém fala nada.

9 de junho de 2011

First Bite – More Than a thousand


"You were bitten first on the darkest of nights.
Now you'll be living this life forever
And no one is ready for this, and no one is ready for this,
But I'm not afraid to die!"
Você  acorda sem um pedaço do braço,jogado em uma poça em um cemitério qualquer de Londres sentindo algo de errado uma dor insuportável no peito e tomado por uma imensa náusea pelo cheiro de sangue fresco.Escutando uma voz te aconselhar:
 -Agora está em seus olhos dentro da sua pele, voce pode não entender mais logo irá sentir a fera dilacerar seu peito.

2 de junho de 2011

O som do silêncio


"Quando uma mulher diz não ela quer dizer talvez, e quando ela diz talvez quer dizer sim, porque uma mulher nunca diz sim."

E, de novo, ela repousou a cabeça na mesa e ficou olhando os clipes de música na televisão, como se não tivéssemos conversado por horas a fio.
Resolvi encará-la, olhar para seus olhos verdes tão difusos e corretos. Ela também olhou para meus olhos castanhos tão pequenos e concentrados. Mesmo assim, ela não falava nada.
— Por favor, fala alguma coisa.
— ...Alguma coisa.
— Você parece...