16 de outubro de 2013

Gravidade - Mínima Resenha

Gravidade - Filme - Mínima Resenha

Como seria ficar completamente sozinho? A gente pode imaginar, ou ter um gostinho dessa experiência ao ficarmos no escuro do nosso quarto, durante a noite. Mas, e quanto aos ruídos, barulhos da geladeira, ou algum cachorro latindo ao fundo, lá no quintal da dona Maria? O silêncio e a escuridão são as verdadeiras companhias dos que estão solitários. 
Agora, imagine não poder respirar direito, ou perceber que você não passa de um mísero grão de areia no infinito universo em que vivemos e que, a qualquer momento, você pode ser evaporado, assim, sem mais nem menos. Sem aquela história de que a vida é algo precioso e santo. Nada. Você não passa de algo pequeno, e apenas é parte dessa imensidão do universo. 
É isso que você percebe ao ver o novo filme da Sandra Bullock, Gravidade. 

15 de outubro de 2013

Um abraço

Um abraço - Contos - Mínima Ideia

Eu gostaria que você se visse como eu te vejo, meu filho. Gostaria de verdade. Tenho orgulho de ter criado você. Minha barba branca e as rugas em meu rosto não negam que o tempo passou. Mas o tempo voou pra mim, e agora você já não se lembra mais de como éramos unidos. Pra você, as marcas dos anos ainda não chegaram, e espero que demorem a chegar, meu pequeno. Saiba que tudo aquilo que fiz foi para que você pudesse fazer de sua vida algo bom. E acho que de certa forma eu consegui. Não digo que não tenha arrependimentos; todos os têm. Digo apenas que não me arrependo por ser seu pai, e me orgulharei até o dia em que minha morte chegar. Só sinto que esse dia está próximo, e queria mais uma vez que pudéssemos nos abraçar. É só disso que eu preciso.

11 de outubro de 2013

A caminhada

A caminhada - Contos - Mínima Ideia

Rumava, vagarosa, ao topo da parede branca. Suas pernas eram asquerosas, mas não ligava pra isso. Na verdade, ninguém parecia ligar pra isso. Sua caminhada lenta se dava por conta da refeição, recém realizada. Estava com o estômago cheio, e não tinha pressa e nem casa pra ir. 
Queria apenas andar, e andar.

4 de outubro de 2013

Dueto de Um, pt. V

Dueto de Um, pt. V - Contos - Mínima Ideia
Fonte: http://goo.gl/BlEfLX
Gostei muito da cara do pudim de leite. Se bem que um pedaço da torta de limão seria maravilhoso depois dessa feijuca, não? Não, não acho. Poxa, cara, vai por mim, um limãozinho faz bem pra digerir todo esse feijão e pedaços de porco que mandamos pra dentro. Não, já falei: vai ser o pudinzin. Puts, você é realmente chato, sabia? Não, ninguém nunca me falou isso, e não serei eu mesmo, ou vocêu mesmo que dirái isso. Eu digo o que eu quiser, e lhe arrebento a fuça se discordar de mim. Tente, rapaz, cai pra dentro. Mas eu já estou dentro! Ah, sim, é verdade. Mas como eu ia dizendo...não lembro o que ia dizendo. Você tava falando que queria comer a torta. Não, eu queria o pudim! Não, eu queria o pudim! Não era isso, mas já que você quer o pudim, eu vou querer a torta. Ah, lá vem você me contrariar. Estou aqui pra isso. Olha, olha, estão levando o último pudim, seu maldito! Como diria o Nelson: Ha, Ha. Bom, o que nos resta então é comer a torta. Sim, eu ganhei. Você sempre ganha. Não sei como você consegue perder para si mesmo. Nem eu. Ah, não, segura aquela moça! O que? Ela tá pegando o último pedaço de torta! Acho que vai ter que ser uma 7Belo mesmo...

Veja os posts anteriores dessa série aqui: Dueto de Um

3 de outubro de 2013

Te amo, Azrael

Te amo, Azrael - Conto - Mínima Ideia

Sua cabeça se apoiava na porcelana gelada da parede do banheiro enquanto seus olhos vazios olhavam fixamente para o piso esverdeado que cobria o chão. Era um banheiro comum, desses de hotéis de beira de estrada. Tudo muito artificial, nada ali era familiar ou acolhedor. À sua frente, a porta marrom escuro se abriu de supetão, fazendo com que quase caísse no chão. Estava sentado na privada, com as calças ainda arriadas quando eles chegaram.