31 de janeiro de 2013

Um presente para a Zona Norte


    Colossal e imponente, era o que resumia aquela obra faraônica. 
    O semi-deus reside no Tucuruvi. Suas vigas foram forjadas por Hefesto e sua argamassa era o próprio sangue de Hércules, aquele prédio deve ocupar um quarteirão inteiro, ou mais.

29 de janeiro de 2013

Mínimo Filme - O nome é Bond. James Bond.

Olá, galerinha! \o/

Gostaria de apresentar a vocês uma nova sessão do nosso querido Mínima Ideia. Nosso blog está passando por algumas mudanças e, agora, além dos poemas, contos e textos reflexivos temos textos dedicados a notícias e atualidades.
Hoje faço nossa primeira postagem da sessão sobre cinema, inaugurando o bloco "Mínimo Filme". Com críticas e comentários a respeito de filmes e seriados da atualidade e de alguns clássicos que não podem ficar de fora de uma boa sessão sobre cinema.
Os filmes poderão se qualificar em cinco níveis diferentes, recebendo nossas claquetes de bronze, prata, ouro, platina e diamante, sendo essas duas últimas categorias pra filmes realmente excelentes.
As postagens virão com sugestões e links para o download dos filmes, assim facilita a vida da galera que se interessar mas ainda não assistiu o filme comentado.
'Bora fazer aquela pipoca campeã?

Atenciosamente,
seu amigo Wolf.




Filme: 007 - Operação Skyfall (2012), dirigido por Sam Mendes e estrelando Daniel Craig, Javier Bardem e Ralph Fiennes.

Sinopse: A lealdade de Bond a M é testada quando seu passado volta a atormentá-la. Com a MI6 sendo atacada, o agente 007 precisa rastrear e destruir a ameaça, não importando o quão pessoal será o custo disso.

A nova trilogia


Os novos filmes da série 007 (com Craig no papel) trouxeram maior profundidade aos aspectos da vida de Bond,trazendo questões que emprestam um clima mais íntimo a relação do público com o agente. Em Casino Royale  o tema abordado é o amor. O primeiro filme da nova saga nos traz uma visão diferente de como sentimentos afetivos podem afetar seu trabalho e seus juízos e, é claro, as consequências que isso tem. Em Quantum of Solace a trama gira em torno do sentimento de vingança e da relação de Bond com seu trabalho, mostrando um 007 mais independente do MI6, colhendo e plantando novos frutos em razão de suas escolhas. Já em Skyfall temos um protagonista mais maduro, sentindo alguns ferimentos e também os sinais da idade. James está mais experiente e com uma temática mais pessoal do que nunca: Família.
Sem canetas explosivas ou apetrechos clichês dos clássicos da espionagem, Skyfall é um filme mais sério, buscando trazer mais realidade às cenas de ação. Com um cabelo mais curto, uma musculatura menos definida, uma barba serrada com frios grisalhos e alguns trocadilhos a respeito da idade, o filme vem mais humanizado que seus antecessores. Podem ser notados vários traços que lembram os filmes da trilogia Bourne, como por exemplo as cenas de perseguição fantásticas e que não deixam nada a desejar aos fãs de acrobacias com veículos.

Para encher os olhos


As paisagens deslumbrantes não são novidade alguma nos filmes da série, assim como as beldades que sempre fazem o publico masculino sentir aquela pontadinha de inveja do agente. A Bond girl da vez é Bérénice Marlohe, uma francesa de beleza estonteante (o que não é novidade alguma), mas um pouco insignificante para o filme em si.

Imagine se fosse protagonista.

O Mau nunca se saiu tão bem


Um destaque totalmente excelente dessa nova sequência são os vilões. Em Casino Royale temos a dualidade de Le Chiffre, esbanjando calma na mesa de pôquer e depois se desesperando por completo enquanto interroga Bond. Munido de um excelente figurino e uma maquiagem muito bem feita está o ator dinamarquês Mads Mikkelsen, que emprestou uma ironia incrível ao vilão das lágrimas de sangue.
Já na continuação Quantum of Solace, o vilão Dominic Greene foi um pouco ofuscado, apesar da boa atuação de Mathieu Amalric. Como o foco do filme está na relação de Bond com sua profissão e seu desejo cego de vingança contra toda uma organização e não neste vilão em especial, temo que ele tenha passado um pouco desapercebido àquele hall da fama de vilões que amamos odiar (ou que vem nos assombrar durante a noite).
Creio que o campeão absoluto, o melhor vilão da nova era, seja Raoul Silvaex-agente do MI6 e completamente dotado de capacidades intelectuais que beiram o absurdo e esbarram em sua insanidade. Um vilão do tipo que carrega um senso de humor tóxico e uma afeição embebida em rancor e ódio pelo seu alvo principal, nos remetendo ao Coringa de Heath Ledger. Quem vive sob a pele do vilão é o excelentíssimo Javier Bardem, que encarnou perfeitamente o gênio deturpado de cabelos dourados.

Cara de um...


Sobre o "novo" Bond


Nunca fui muito fã do antecessor de Craig. Pierce Brosnan foi James Bond durante minha infância, mas confesso que não senti falta alguma dele no papel (não conseguia levar o homem a sério o bastante). Sempre gostei de filmes de agente secreto, espionagem... Mas nunca havia sido cativado por nosso amigo britânico, ao menos não dessa forma. A nova saga reinventou o agente, e creio que acertaram em cheio ao quebrarem alguns estigmas, como por exemplo uma fala muito comum em todos os filmes antigos da série 007:

James Bond: Vodka martini. Shaken, not stirred! (Martini de vodca. Batido, não mexido.)

Já na versão atual, existe uma cena em Casino Royale em que Craig pede o clássico drinque e o barman o indaga:

Barman: Shaken or stirred ?

007: Do I look like a give a damn?! (Eu pareço dar a mínima?!)


O público


O publico de 007 sofreu diversas modificações ao longo dos anos. Hoje em dia temos desde os tiozões que acompanham o agente desde que Sean Connery vestia seus terno até garotas que se derretem pelas cenas de Craig usando sungas, e eu acho isso muito bom.

(— O quê? O Craig de sunga?)
(— Também.)
Gosto de filmes que por várias razões diferentes conseguem ampliar seu público e não precisam se transformar em puro marketing para isso. Em outras palavras, filmes que evoluem à medida que o tempo passa, que atendem a tendências sem precisar perder sua essência. Foi o que vi em 007 - Operação Skyfall. Gostaria de dar meus parabéns ao nosso querido cinquentão, James Bond, e deixar aqui a claquete de ouro para o Bond mais profundo das telonas.


Links


Pensei em deixar aqui o link para download do ultimo filme... mas acho que alguém que fica melhor em seus ternos do que Barney Stinson merece um pouco mais de respeito, assim deixo aqui os últimos três filmes e suas respectivas legendas:

Casino Royale: Clique aqui
Legenda: Clique aqui

Quantum of Solace: Clique aqui
Legenda: Clique aqui

Skyfall: Clique aqui
Legenda: Clique aqui

Tutorial de como usar o torrent:
Pra você que nunca usou torrent ou que tem um pouquinho de dificuldade com o esquema todo, vai aqui um tutorial do Youtube pra te dar uma forcinha (Tem uns macetes pra deixar o download mais rápido e tudo mais).


Agradecimentos: Tecmundo, Torrentz.uk, legendas.tv, kat.ph(kickasstorrents), IMDB.
Agradecimentos Pessoais: Jéssika Ribeiro, Konay Hirata, Gabriela Moreira.

27 de janeiro de 2013

Monólogo de Marte: Minha mão de Deus

Estrelando Dr. Manhattan (link em inglês).

Foto original: http://goo.gl/23AB8

Seria leviano de minha parte dizer que, nessa imensidão rarefeita, não sei as horas. Sempre sei, e longe daqui, em uma fração ínfima da Terra tão cinza, já são sete horas da noite e os jantares estão sendo servidos. A carne que respira fumaça, o copo trincando por causa do refrigerante gelado, tudo apetitoso e paradoxalmente sem-graça para mim. Sem gosto, sem nada, engolir um balde de frango frito e lamber areia são a mesma delícia insípida.
    Há vinte anos, dizia para os poucos na Terra que ainda se lembram de mim com ternura que nunca mais voltaria ali. Talvez criasse vida humana Universo afora, desafiaria as leis cósmicas tão mutáveis em minhas mãos.
    Muito antes, meus dedos humanos tocaram os dedos de Janey Slater enquanto ela me passava uma caneca de cerveja.

25 de janeiro de 2013

Mr. George

Em homenagem a um dos maiores achados culturais brasileiros e sua anunciada atuação como Jimi Hendrix em um filme internacional. De verdade? Seu Jorge é um dos poucos merecedores do sucesso que tem aqui no Brasil.

Link da notícia: http://goo.gl/q3AH7



Um problema de tradução fez com que todos os funcionários do hotel o chamassem de Mr. George, mas ele não se importou, achou até que lhe deu um ar de presidente. A suíte presidencial o ajudou nesse ar, também.
    Pensou que em uma suíte daquela morariam dez famílias da sua saudosa maloca em Belford Roxo, é um desperdício de espaço. O maleiro atrás dele, louro feito uma calopsita, deposita sua bagagem ao lado da porta de duas folhas e se retira com um aceno de cabeça e uma reverência com o barrete.

20 de janeiro de 2013

Chuvas de verão



Era um dia típico de verão, que ainda tinha o bafo da embriaguez de felicidade das festas de ano novo. Alguns fogos de artifícios tímidos aqui e acolá introduziam nas primeiras horas do dia o som. Logo depois, começava a rotina alegre acompanhada pela música sagrada de cada bar de esquina. Os pandeiros ditavam o ritmo, que até então prevalecia na minha alegre Xerém, do samba.

Minha vó preparou o café preto enquanto meu vô trazia da padaria o pão quentinho. Quando ele chegou, ela se dirigiu até meu quarto e me acordou com um beijo na nuca dizendo:

— Acorda logo menino, tô atrasada pro culto!

Enquanto eu me revirava no lençol que forrava minha cama ela saiu apressada, mas não esqueceu de adicionar: — Ó toma se for ferver leite, toma cuidado com o fogão novinho! — Ela estava toda feliz de ter trocado o fogão, e provavelmente iria agradecer esta benção na igreja.

19 de janeiro de 2013

Erro

Esse texto não foi feito para ser entendido.

Imagem original: http://goo.gl/GsQkf

Uma voz surge de uma descabida gravação aos fundos. Aos fundos de onde? De qualquer lugar, é onipresente. Se propaga pelas máquinas, pelos operários, pelos vendedores, pelos cidadãos. Atravessa todos eles e se faz ser ouvida à força. O que ela diz? Ninguém sabe, mas todos obedecem. E se movimentam, e continuam a se movimentar, nesse ciclo de acorda-dorme impaciente de quem espera pela salvação dessa vida monótona. Monótona como rádio fora de sintonia, bem baixinho. O som de um mar de frequências errôneas que flutua pelos tímpanos, essa voz. Descabida, um peixe atômico fora d'água frequencial. Essa voz continua, vai de um lado ao outro sem ser entendida, mas automaticamente tida como verdade universal.

17 de janeiro de 2013

Little Boy ou Fat Joe

Siga de onde tudo parou: Abutres famintos e loucura às cegas

Foto original: http://goo.gl/pAGIX

Não sei se ouço qualquer barulho, mas consigo ver o corpo do universitário desferindo um giro totalmente desesperado e involuntário no ar. O bastão de beisebol que segurava fez um estalido quando colidiu com o chão e agora está rolando despretensioso para o meio da rua.
    O que foi que eu fiz?, me pergunto. Vejo Senaga, ensanguentado e com um dente canino preso somente por um fio de raiz, e também vejo os abutres sobre ele devolvendo o olhar. De que lado você está, afinal?, eles querem me perguntar. E minha resposta é curta, rápida e eficaz: Não sei. Por acaso preciso de um lado? Sinto vontade de ser Little Boy ou Fat Joe e mandar o centro de São Paulo para a inexistência atômica.

13 de janeiro de 2013

Possível e eterno

Poema um: Pixies

Foto original (1 e 2): http://goo.gl/TFSGX

Posso abraçar um corpo nu,
pagar uma bebida a uma tatuagem no quadril.
Posso dedilhar uma balada no violão
e dedicá-la ao maior apaixonado que já se viu.
Posso afundar em areia movediça
e implorar para que uma amazona me salve.
Posso escalar torres e montanhas
e encontrar a melodia da princesa de tom grave.

10 de janeiro de 2013

Solstício do Insone


Gradualmente tudo vai ficando para trás.
Era essa sensação que o garoto de madeixas pratas tinha ao observar as árvores secas da janela do carro. Inspirou até encher os pulmões de ar na tentativa de romper o terrível silêncio entre ele e a motorista, esta última estava focada em sua função: trocava de marcha sucessivamente conforme a velocidade permitida na pista, seguindo sempre em frente. Nem as malas de viagem ousavam soltar um pio. O garoto estava cansado de fazer a única coisa que fez a vida inteira: Observar.

Nesse instante seu coração pulsava um enorme desejo de viver, queria conhecer todas as cidades e cores que ultrapassou. Então, em um ato de coragem bradou:

— É aqui que eu vou ficar!

A motorista parou o carro no acostamento, no momento ele se sentia aliviado por quebrar a pressão, mas não houve muito tempo para se vangloriar, pois foi arremessado violentamente do carro. Tudo ficou branco por alguns instantes até a lingua do rapaz tocar o chão, as malas sofreram o mesmo destino do garoto, porém tiveram o corpo do mesmo para amortecer a queda.

Murmurou sua dor por alguns instantes, tempo suficiente para motorista acelerar o carro, deixando como último presente fumaça emitida pela lata velha. Sem pestanejar ele se levantou, nada abalava a felicidade de ter pela primeira vez, diversas alternativas, tirou a poeira sobre o terno apertado no corpo esguio, pegou a cartola que ganhara no natal, colocou-a e foi caminhar, estava apenas a um quilometro e meio da cidade chamada "Além".

Faltando meio quilometro para chegar na cidade existia um cemitério, o portão era feito de ferro retorcido em detalhes góticos, nos lados existiam duas estátuas gêmeas de leões rugindo, anjos já estão saturados pensou o menino, e em seguida o muro de tijolos pintados de branco que delimitavam o terreno. O garoto contemplou o lugar por alguns segundos até uma forte ventania arrastar as folhas secas, algumas pedras, duas mochilas e o mesmo para dentro do cemitério. Ele tombou novamente, mas dessa vez o chão tinha um gosto diferente, era salgado como lágrimas de saudade.

O garoto abaixo da cartola parou para refletir, ele nunca sentira saudades, agora que parou para pensar, nem se lembrava ao certo do seu passado. Decidiu que criaria boas memórias, queria ter diversas estórias para contar, até que foi trazido de volta para a realidade quando avistou um urso marrom jovem andando sobre os túmulos, ele não tinha uma cara muito amistosa de longe o urso disse:
— O que deseja no cemitério do Além?
— Nada demais, estou apenas de passagem. Respondeu o garoto
— Achei que era mais um dos capangas do  Eterno! — O semblante do menino se encheu de duvidas, que não exitou em perguntar.
— Quem é Eterno?
— Sei pouco sobre aquela sombra, sua mãe era uma bruxa suja, seu pai um morcego-rato, ele cresceu aprendendo as artes obscuras e hoje revive os mortos, usando-os para seus próprios fins nefastos!— A raiva era clara no rosto do jovem urso marrom, suas presas brilhavam com o pequeno rugido. O rapaz então pensou que ajudar o urso era uma forma de criar uma boa memória, então ele indagou:
— Hum.. Se Eterno é um vilão, eu serei o herói! Me diga  como o derrotamos?!
O urso pensou, o garoto surgiu com a boa sorte em uma ventania, talvez ele fosse destinado a enfrentar o terrível Eterno.
— Só sei um ser que pode nos ajudar. Ela só vai chegar daqui algumas horas.. Você tem algum tempo de sobra?

5 de janeiro de 2013

Quarto roxo

Foto original: http://goo.gl/NgdUz

Falta pouco, mas muito pouco mesmo. Ninguém se atreve a dizer algo, todos são estátuas fosforescentes amontoadas em estofados vagabundos. (Esses estofados, às vezes, são pernas e antebraços.) Os rostos pintados como os de um guerreiro aborígene se encontram, beijos silenciosos e de pouca luxúria. No quarto roxo, só há a espera. Falta menos ainda, e as mãos se unem, mãos de unhas esmaltadas em neón que riscam o vento e deixam marcas na pele. O sorriso se alastra, é contagiante e brilha junto da maquiagem neônica. O ponteiro faz algum barulho que não é tique nem taque, é o badalar de uma mudança, e o sorriso persiste nos corpos seminus que estão amigavelmente entrelaçados.

4 de janeiro de 2013

O remanescente

Conto inspirado em uma versão diferente de Gone Away.
Sem a fé de Alaor. 

O quarto estava estranhamente acolhedor. Era quase poético que o lugar onde tanta dor tinha se instaurado nos últimos dias pudesse realmente parecer receptivo de qualquer maneira... Meus joelhos, em carne viva depois de tanto tempo prostrado ao lado do leito, já não doíam. Talvez a sensação anestésica que vem depois de esvaziar uma garrafa de whisky tivesse me alcançado. Não me lembro de já ter estado tão cansado, não me lembro de já ter alguma vez na vida chorado tanto. 
O corpo estava despencando e meu lugar na cama parecia cada vez mais apetitoso, mas jamais me atreveria a deitar ali. Não tinha coragem de fazer qualquer coisa que colocasse em risco o pouco conforto e o sono cada vez mais torpe de minha mulher.

2 de janeiro de 2013

A farsa do Ano Novo



E por que não chamar 2013 de 2012? Já que todos os anos são
[iguais.
Se você não me entendeu, pois bem, irei logo te explicar;
Um ano novo não passa de um novo ano. Qual é o problema?
O problema é todo esse bafafá que se cria, essa lenda de renovação.
Renovação pra inglês ver. (Ou qualquer um menos você.)

Realizar os votos de que nesses 365 dias tudo vai ser diferente é
[muito fácil!
Concorde comigo, o que são meras palavras jogadas ao acaso?
Alguns, admito, entre o verão lutam para manter seus votos,
Entretanto, já cansei de ver no outono tal força exaurida.