30 de março de 2013

Árvore-noite


Dias se consomem, altivos
e arrojados,
como se a noite não chegasse.
E a noite não fosse dia de luxo,
dia para quem tem luz,
luz para gastar e ofuscar
quem vive na escuridão.

Onde acontece a contação
de histórias para o dia próximo
(tão distante),
pura réstia de lendas.
O que sobrevive é fruto da noite,
fruto branco, leitoso, feito Lua.
Vê o coelho? O dragão?
Ah, a noite abriga um mundo.

Máscaras brilham, essas máscaras
que são reais como a pele
(que nos impele a usar máscaras.)
Há sinos, há violinos, não quero mais nada.
Quero, queremos,
Bradaremos todos:
QUEREMOS MÚSICA.
Excelência nas trevas de quem
faz nas/das trevas luz.

Inexatidão que se faz
perfeita, bem-feita,
contrafeita ao dia (aquele arrojado).
O sol se vai, fica o fim. O fim
que é recomeço, onde nascem
os boêmios aos borbotões
e os poetas de bar, aqueles que
inventam moda e saem sorrateiros,
gritam, o sangue concentrado:
QUEREMOS MÚSICA.
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