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Os olhos dela estavam fixos na
vitrine da loja de chapéus. Nunca usara um e não seria agora que poderia
começar. Havia anos que passava por aquela loja, quase todos os dias, mas nunca
chegou nem a entrar.
Talvez... Quem sabe talvez
pudesse haver algum jeito, alguma forma de enrolar seus longos cabelos negros,
e enfiá-los todos dentro de seu futuro novo chapéu?
O preço estava bom, não faria mal
pelo menos entrar na loja.
Mas ela imaginava como as
vendedoras a tratariam. Não era uma mulher comum.
Era Rapunzel. Rapunzel do século
XXI. Rapunzel de verdade.
Seus pés foram mais rápidos que a
deliberação entre seus neurônios e avançaram rumo à porta da loja.
Uma leve sineta tocou ao empurrar
a porta, chamando a atenção da atendente mais próxima.
- Posso ajudá-la, senhorita?
- Vou querer experimentar aquele
chapéu preto, com aquelas flores.
- Sim, senhorita.
Agilmente, a atendente apanhou o
chapéu escolhido e entregou à nossa Rapunzel.
Por mais que ela tentasse, mesmo
com a ajuda da vendedora, não conseguiu colocar as longas madeixas sob o oco do
chapéu.
Frustrada, ela saiu da loja, para
ir embora para casa. No entanto, ao sair da loja, viu imediatamente em frente a
ela um salão de cabeleireiros, e subitamente tomou a resolução de cortar seus
pobres cabelos, que vinha cultivando há quase quatro décadas.
Adentrou o salão e disse, com tom
firme:
- Quero cortar meus cabelos! Não
deixe mais que vinte centímetros!
E foi assim que o conto de fada
chegou ao seu fim.
Afinal, mesmo as personagens de
histórias têm as suas vaidades e vontades insuperáveis, às quais um dia acabam
cedendo.