25 de março de 2013

Dueto de Um, pt. IV


Leia aqui as partes um e dois, escritas por mim, e a parte três, escrita pelo Alaor.

Você tem ideia de como está apertado aqui? E não? Parece que não, olha ali, vai mais praquele lado. Se desse pra ir, eu iria, seu idiota. Mas dá, vai lá, tem pelos menos um passinho ali pra direita. Tá bom, tá bom. Custou muito? Não, não custou; mas você bem que podia me fazer o favor de ficar quieto, pois estou tentando ler. E desde quando você lê, seu animal? Desde sempre, oras; sou um homem culto. Você é curto, é isso que você quer dizer; mal alcança o ferro pra se segurar, e onde já se viu, se achando culto por ler essas porcarias de romance de banca de jornal. Veja bem o senhor que muito se entende ao ler esses romances. Ah, é? É.
Então me diz o que você entendeu desse livro. Bom, por causa dele, eu sei que as mulheres querem encontrar um príncipe encantado, mesmo que ele seja apenas um mecânico musculoso da oficina da esquina. Mas assim você me surpreende de tanta sapiência. Veja bem, isso já é alguma coisa, e serve também para nós, homens, aprendermos. Eu acho que não aprendi nada com isso. Olha, se formos mecânicos musculosos, com longos cabelos esvoaçantes... Se formos isso estaremos numa propaganda de xampu anti-caspa, é isso que você quer dizer? Quer parar de me interromper? Tudo bem, prossiga. Se formos assim, seremos amados loucamente pelas mulheres, teremos o amor incondicional delas, para sempre, e elas irão largar os homens que as tratam mal e que são feios e velhos para ficarem conosco. Ah, é mesmo? Sim, tenho certeza. Bom, podemos pensar nisso mais tarde, mas agora vai pra lá porque chegou a nossa estação.