2 de novembro de 2012

Zero Absoluto

Artista: http://wacia.deviantart.com/
Foto original: http://goo.gl/mbZtT

Não pode ser! 

Foi o único pensamento que consegui expressar em palavras depois de fitar o horror vivo da janela do meu quarto. Me debulhando em lágrimas, o cheiro fresco de sangue misturado com a putrefação dos corpos cobria o ar criando um ambiente claustrofóbico, quebrando a monótona realidade a qual eu estava inserida. E eu, que tanto clamava por algo diferente no dia a dia, logo senti falta da velha rotina. 

Será que Deus nos abandonou?

Será que ele alguma vez cuidou de nós? Questionei minha fé ao presenciar uma criança cinzenta mastigando as tripas de algum pobre coitado logo no primeiro dia quando acordei e me vi presa nesse inferno, mas nessas horas de escuridão não existe tempo para metafísica nem outras questões filosóficas. Por sorte a santa indústria hollywoodiana já me mostrara o que fazer em seus filmes de terror que até ontem eram pura ficção. 

Presa

E não só pelo cárcere privado em que me coloquei, mas por ter a consciência que mais cedo ou mais tarde serei mais uma vitima dessa fatalidade. Ainda tenho recursos para viver duas ou três semanas, mas acredito que minha barricada improvisada não vai segurar essas aberrações por muito mais tempo. Além de que não existe mais motivos para lutar — isso se eu pudesse lutar.
Na minha cabeça, a ideia de que destruir algo que já está morto é simplesmente impossível. 

Eu não quero saber mais de paradoxos. 
E agora como o rufar de tambores de guerra eu escuto seus gritos sedentos pelo meu corpo ainda vivo e assim como os romanos sobreviventes eu assisto minha única proteção ser destruída. Parece que é aqui que acaba. O medo iminente descarrega toda adrenalina possível, mas eu não vou correr nem me lamentar. É inútil.

Evolução, 
é, talvez seja isso mesmo, toda essa história de mortos voltarem a vida é uma evolução da adaptação humana. Darwin estaria surpreso: nem a morte agora consegue nos deter. E com esse humor de péssima qualidade eu deixo minhas últimas palavras.

Adeus.

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Finados e Zombie Walk.