3 de agosto de 2012

Saudades de um Sarau. (Abril despedaçado,capítulo aleatório)


Olá
Gostaria de convidá-los a entrar em um espaço paralelo. Algo anacrônico, talvez atemporal, algo como uma coleção de contos e crônicas. Sejam todos bem vindos aos lapsos da memória de alguns adolescentes e seus casos amorosos. Fragmentos de histórias, conversas de casais, vislumbres do futuro, lampejos do passado. Estejam à vontade para imaginar quem vocês quiserem no lugar dos personagens, e qualquer semelhança está bem longe de ser obra do acaso. É meu dever lembrar que o que será mostrado aqui não é nenhum tipo de declaração a ninguém, ou qualquer especie de apelo... É um emaranhado de textos que não estarão necessariamente conectados de forma lógica... Aliás, também devo advertir que lógica por aqui é um conceito bem mais romântico do que se imagina e que pode se encontrar muito mais significado se optarem por sentir, ao invés de entender. Acompanhe-me então todo aquele que quiser ver o mundo através dos olhos de alguém que inalou poeira de estrela, dançou com fadas, cortejou a lua e desafiou o tempo.
 Em primeira mão,uma história repetida ,falando sobre as saudades de um sarau.

 Não levo da existência uma saudade! E tanta vida que meu peito enchia Morreu na minha triste mocidade!" À sina doida de um amor sem fruto... E minh’alma na treva agora dorme Como um olhar que a morte envolve em luto".

Atenciosamente,
seu amigo.Wolf



A história de hoje,aconteceu em 2010.Um Abril despedaçado,um relacionamento que terminou sem adeus,e um pseudo poeta adolescente. Uma guria que ninguém sabe se realmente existia,e tudo isso colidindo em um só dia. Esse é um micro capítulo da história de amor que arrebatou muitos meses das vidas de duas pessoas,e estou aqui para simplesmente contar o ocorrido... para maiores explicações,pergunte para alguém que o tenha vivido.


Alguns anos atrás,houve um sarau romântico,mesmo Colégio.Apresentações teatrais por todo o patio em uma proposta de "poesia em movimento". Em suma,os artistas se fantasiavam com algo temático do poema que recitavam,e interpretavam seus textos.
No caso do rapaz lobo,escolheu um texto do Azevedo ( Alvares),se fantasiou com roupas da epoca...se caracterizou como um legitimo boêmio.Andava pra lá e para cá dizendo coisas sobre as dores da decepção,a amargura do fim...O texto era simples,mas ele nao conseguia decorar,faltava algo dentro da cabeça dele.Sempre acreditou na Música como uma especie de divindade,de entidade maior.Não era de se admirar que o rapaz saísse de casa fazendo preces para que aqueles malditos versos entrassem em sua cabeça. Tudo que eu conseguia pensar se dava nas tristezas de um desamor.

A verdade era que por mais belo que fosse o texto,por mais teatral que a ideia fosse... Ele não tinha inspiração. Algo faltava. Ele estava ali mas meu coração não estava.O trabalho ficava bom porque não existia muito segredo em interpretar alguém que se via diante do fim,no término de seus dias... Era só ficar ali,e deixar sua boca falar aquilo que ele já andava pensando,mas se recusando a sentir. Um Confortably Numb desavisado,que flertava todos os dias com a Ideia do adeus.


"Adeus, meus sonhos, eu pranteio e morro!


"Se estiver por ai,se puder me ouvir... Eu não sinto nada desde que você não está mais aqui... seria pedir muito poder dizer o que ando pensando? Será que é impossível termos noticias um do outro sem que farpas sejam trocadas? "

     Parando pra pensar... Quando se trata de loucos lobos apaixonados,sempre existe um louco caso de amor,uma despedida cinematográfica,e sonhos a respeito de um mundo bom o bastante para se apaixonar todo dia,seja por outra ou então pela mesma guria.
Não existia nada alem da saudade,da falta que sobrava,até transbordava das beiradas de seu ser. Era como se ele andasse 24h por dia pensando em alguém que não estava ali,e que o culpado disso não era ninguém se não o rapaz de cabelos compridos que ele encontrava no espelho.Era o culpado por ser um lobo sem lua,e sabia disso.
     Enquanto partes dele entravam em conflitos particulares,o dia se enchia de poesia... E no meio de todo aquele romance,de todas aquelas atuações,era como se a consciência de tudo isso tivesse vindo para alerta-lo:

- Todos os problemas que você enfrentou em nome daquele seu velho amor,te trouxeram a lugar nenhum... Pobre,sozinho,com o pouco talento de sempre. O desamor te trouxe ao Desespero.


"Misérrimo! votei meus pobres dias
"Que o maldito mundo acabe de uma vez! Como posso decorar os versos se eu nem sequer entendo o que eles dizem?Cada linha tem o nome dela escrito em cima de todas as palavras."
A inspiração finalmente tinha se dado em forma de sofrimento,súplicas de saudade... Mas memorizar o texto que é bom ?! Isso já era outra coisa... Depois de tanto correr os olhos pelos papeis,finalmente um pedaço da obra o acertou em cheio...
"Que me resta, meu Deus?!... morra comigo
A estrela de meus cândidos amores,
Já que não levo no meu peito morto
Um punhado sequer de murchas flores!"


E foi ai que aconteceu. A Lua desceu do céu... O que ?! Parece absurdo? Acaso não conseguem acreditar que a princesa dos céus viria a Terra para falar com um mortal ?! Pois bem... Não farei esforços para convencer os incrédulos,mas foi isso o que aconteceu naquele dia.O maldito patio parou,tudo andava em câmera lenta.
Não sei dizer quais eram os maiores detalhes da aparência daquela moça,mas uma coisa é certa.Era linda,por Deus,como era linda... Metáforas a parte, ela era exatamente o que foi descrito acima. A Moça tão linda,que virou lua,e fez um lobo se apaixonar por ela.
De lugar algum e de todas as partes do coração lupino,as lagrimas começaram a vir...Era a saudade,a tristeza,a alegria,o prazer e até o medo,tudo de uma unica vez,só de ver aquele rosto com pele cor-de-lua. O texto todo fazia sentido,porque sua Lua estava ali. Porque ele finalmente entendeu o que significava cada verso,cada palavra daquele poema... A epifania que vem para juntar todas as ideias em uma só resposta havia convertido aquilo tudo em uma palavra,um nome,uma unica letra... L de Lua.




Ele segurou a menina pelas mãos,e declamou o maldito poema inteiro,chorando,cantando,olhando a moça nos olhos.Era como se aquela fosse a despedida que eles nunca tiveram,o adeus que ninguém disse. Ela tinha os olhos tristes por ver o rapaz daquele jeito... mas a bem da verdade?! Até os avaliadores do projeto se impressionaram.Exclamações como : Gente! Ele chora de verdade... parece que ele está sofrendo. não faltaram ao redor daquele espetáculo trágico. Tudo o que ele pode fazer depois daquilo,foi usar aquilo que sentia para continuar seu trabalho.A ideia de entreter os transeuntes em meio a um sarau sobre o romantismo,usando nada mais do que sua própria alma,cuspida e escarrada,esculpindo suas reações de acordo com as do publico,simplesmente inebriaram o rapaz... Era como se ao redor da Lua,todos fossem estrelas e ele finalmente podia uivar seus berros para uma platéia de astros,ao invés de negar silenciosamente aquilo que já havia aceitado sem nem ao menos perceber.

-Agora que o adeus foi dito,o que eu faço de mim ? Lobo sem lua ?!
Perguntava com um sorriso triste e olhos úmidos ao seu bom amigo...
- Você vai recitar esses textos comigo,e depois vamos tomar boas cervejas pensando nos próximos amores insanos que ainda vão te acometer rapaz...Porque antes de se fazer Lobo,você é poeta. E antes de uivar para Lua,você já cantava para as estrelas. Deixa ela ir e vir como puder... afinal,Lua cheia tem todo mês não é ?!



O rapaz ficou ali,vendo a Lua voltar pro céu,a noite dar lugar para a aurora, e finalmente preparado para um novo amanhecer de amores... Ao menos era o que ele acreditava.

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Você tem a minima ideia de quando conseguirei escrever mais um capitulo desta história ?!
Não?! Pois bem... estamos no mesmo barco. Mas enquanto isso não acontece,porque não conferir um outro texto da mesma saga,mas com protagonistas diferentes ? Você tem a mínima ideia do que aconteceu no bairro do limão em 2008 ?!

http://m-ideia.blogspot.com.br/2011/11/bairro-do-limao-2008.html

Obrigado pela atenção,meus queridos. ^^







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