30 de agosto de 2012

O poder de um rei e de uma rainha

   Nota: Esse poema foi encontrado, junto de muitos outros, dentro dos diários pessoais da Rainha de Ursini anos após sua morte. Publicados na antologia Borboleta-rainha em homenagem ao centenário de seu nascimento, a maior parte deles trata da inesperada fuga do Rei para o reino de Licciardi e da surpreendente força e tenacidade com que ela comandou as terras destronadas que seu marido abandonara. "O poder de um rei e de uma rainha" traz o que seria a bandeira de sua bem-sucedida cruzada em prol de Ursini e é usado até hoje como um manifesto a favor dos direitos iguais entre homens e mulheres, pois mostra em forma de um discurso a capacidade que o sexo feminino tem de fazer as mesmas atividades do sexo oposto sem perder a excelência. A ideia, reforçada cada dia mais pela vida de superação da Rainha, persiste por gerações e provavelmente só deixará de ter significado quando a insistente guerra dos sexos terminar.

Reverências a quem me reverencia,
pois de vocês sou parte.
Saudações a quem me sauda,
levanto nosso estandarte.

Somos humanos. Somos, pois, capazes
de discernir o bom do mau e o certo do errado.
Barba, esmalte, músculos e busto são alegorias;
A mera condição humana nos faz reis, não criados.

Princesas também são encantadas,
príncipes também se deixam encantar.
Dentro de nosso peito nos é inerente o fogo,
a paixão que nos faz contra dragões lutar.

O que é a interminável batalha dos sexos
quando os dois lados podem se tornar um só?
Interdependentes, entrelaçados,
Viemos juntos e juntos partiremos ao pó.

Aprendi a ser forte quando me fraquejaram.
Apanhei para que pudesse ficar calejada.
Sei agora que a carne e o coração de nada valem
quando a sorte de uma nação no tabuleiro é lançada.

Quero que ouçam atentamente:
Mulher não é só emoção.
É cabeça, é raciocínio,
é eloquência e dominação.

Agora possuo sozinha
o poder de um rei
e de uma rainha.

A vocês proclamarei:
Sou quem traça a linha
e minha palavra é lei.

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