19 de abril de 2013

Despedida indesejada



“Which way is right, which way is wrong?
How do I say that I need to move on?
You know we’re headed separate ways…”
Alex Clare, Too Close

A ausência da voz dela tomou todo o quarto.

O suor em sua pele reluzente denunciava as últimas horas que tínhamos passado juntos. Mas os músculos por baixo da pele e do suor estavam tensos.

- Abre o jogo. – eu já não queria mais enrolar com aquilo.

- Você merece mais do que isso. Eu não tenho mais o que te dar. Você sabe que isso nunca ia dar certo. – ela já colocava suas roupas novamente.

- O que quer dizer com isso?

- Você sabe bem. Tenho que pegar a estrada. Não posso mais com essa nossa situação.

- Mas e tudo o que aconteceu? – tentei impedir que se vestisse, em vão.

- Não foi nada. Sabe que somos amigos. Você deve continuar sem mim.

- Mas eu sinto que...

- Não, não diz! – ela subitamente parou de se vestir e me olhou com um brilho rancoroso nos olhos.

- Mas é a verdade. – tentei lhe beijar o rosto, mas ela se virou.

- Não deve ser. Não pode ser. Eu não deixo. Preciso mesmo ir embora. Seja feliz, e passe bem. – já com a roupa, abriu a porta, deu uma última olhada para dentro do nosso quarto, aquele cúmplice de nossa nudez das últimas horas, e titubeou. Titubeou como se fosse voltar e dizer que tudo não passara de um sonho. Que ela era minha assim como eu era dela. Que também me amava. Olhou-me nos olhos uma última vez e se foi, batendo levemente a porta. Levou consigo alguns sonhos meus. Não digo todos, pois de muitos eu não me lembro, e outros ainda estão por vir. Mas levou grande parte.

Não a segui. Mas morri de ciúme da rua, que a teria para si em instantes. Morri de ciúme do elevador, que a levaria consigo até o térreo daquele maldito prédio. Morri de ciúme 

Comecei a me debater, jogar as coisas contra as paredes, xingá-la por jogar minha vida fora. Tudo havia sido perda de tempo. Pensei até que fosse enlouquecer.

Mas esqueci.