“Which way is right, which way is wrong?
How do I say that I need to move on?
You know we’re headed separate ways…”
Alex Clare, Too Close
A ausência da voz dela tomou todo o quarto.
O suor em sua pele reluzente denunciava as últimas
horas que tínhamos passado juntos. Mas os músculos por baixo da pele e do suor
estavam tensos.
- Abre o jogo. – eu já não queria mais enrolar com
aquilo.
- Você merece mais do que isso. Eu não tenho mais o
que te dar. Você sabe que isso nunca ia dar certo. – ela já colocava suas
roupas novamente.
- O que quer dizer com isso?
- Mas e tudo o que aconteceu? – tentei impedir que se
vestisse, em vão.
- Não foi nada. Sabe que somos amigos. Você deve
continuar sem mim.
- Mas eu sinto que...
- Não, não diz! – ela subitamente parou de se vestir
e me olhou com um brilho rancoroso nos olhos.
- Mas é a verdade. – tentei lhe beijar o rosto, mas
ela se virou.
- Não deve ser. Não pode ser. Eu não deixo. Preciso
mesmo ir embora. Seja feliz, e passe bem. – já com a roupa, abriu a porta, deu
uma última olhada para dentro do nosso quarto, aquele cúmplice de nossa nudez
das últimas horas, e titubeou. Titubeou como se fosse voltar e dizer que tudo
não passara de um sonho. Que ela era minha assim como eu era dela. Que também
me amava. Olhou-me nos olhos uma última vez e se foi, batendo levemente a
porta. Levou consigo alguns sonhos meus. Não digo todos, pois de muitos eu não
me lembro, e outros ainda estão por vir. Mas levou grande parte.
Não a segui. Mas morri de ciúme da rua, que a teria
para si em instantes. Morri de ciúme do elevador, que a levaria consigo até o
térreo daquele maldito prédio. Morri de ciúme
Comecei a me debater, jogar as coisas contra as
paredes, xingá-la por jogar minha vida fora. Tudo havia sido perda de tempo.
Pensei até que fosse enlouquecer.
Mas esqueci.