Não aprendi com os erros, os erros foram aprendidos.
Sou um engano, um erro genético que nasceu com esse tal de raciocínio. Na infância, mais da metade das pessoas é um gênio em potencial. Mas crescemos e nos tornamos idiotas.
Vi as frases acima pichadas em algum muro. Não sei dizer onde, nem mesmo se o muro existe. Talvez minha mente seja um muro pichado, todo cheio de sujeira, spray a esmo por uma extensão de muralha chinesa. Falas inteligíveis misturadas a desenhos que não sei trazer ao papel; músicas sem partitura bem ao lado daquelas palavras eternas que estão descascadas.
Desabafos mudos.
Mudaram o meu mundo.
Me fizeram perceber a dor, o amor e o que há entre eles e que não tem nome (mas, se tivesse, igualmente terminaria em -or). E, nossa, isso é lobotomia. Massa cinzenta cauterizada, é só não pensar no terror. Sua mente vai se focando em reality shows e em criticar o preço do tomate; E SÓ.
Críticas vazias, programas vazios, mente vazia.
Mente muda.
Mente muda.
Sim, a mente muda. Giramos, o Sol some, reaparece, nunca paramos de girar. Proporções primitivas do cérebro se salvam do carrossel. Armazenam o pouco que vale a pena: As citações de Shakespeare, versos d'A Divina Comédia; trechos de Pulp Fiction e Luzes da Ribalta; a melodia de Lennon, a melancolia de Beethoven. Um caldeirão no fundo de um abismo. Inalcançável, e por isso erramos.
Os erros flutuam na superfície do cérebro; emergem com a delicadeza de uma baleia em busca de ar. E colidem com as paredes, os muros, as muralhas chinesas. Tudo cai, desmorona, e nada faz sentido no fundo do abismo.