5 de fevereiro de 2013

Dueto de um, pt. III

Leia aqui a parte um e a dois, ambas escritas pelo Dereck.

Você e essa mania de acordar de manhãzinha pra ir na missa! Mas é domingo, é de lei e você nunca reclamou; deu pra implicar com tudo? Só com o que atrapalha meu sono. Seu sono sempre foi atrapalhado, não me venha com essa! Se 'tá falando dos calmantes, já me livrei deles há meses. Não quero saber, deixe-me botar o terninho. Esse terno feio ofende até Deus, seu pulha. Só não tenho um melhor porque você só quer saber de dormir e não trabalha direito. A gente trabalha por conta, vai dar uma de "Deus ajuda quem cedo madruga"? Vou, olha esse terno sem botão, ele não 'tá me ajudando.
Então fica na cama e dorme, a gente conversa melhor na hora do almoço; não é a patroa que vai fazer ravioli hoje? Não, é a outra. Pô, nem almoçar em casa a gente vai? Já vou na missa com ela, é o bastante. Diz como se eu não fosse contigo! Mas não vai mesmo, se for vai ficar pianinho aqui dentro! Vou chutar a boca do balão na missa, falar que você não 'tá comendo só o ravioli da outra, não! Que balão o quê; é bom você ficar na sua, senão... Senão o quê? Já sabe, meto-lhe a porrada! Já conversamos sobre isso, você não sairia na vantagem. A vontade é grande mesmo assim. Está nas suas mãos que nem o terno feio. Sabe que perdi a vontade de ir com esse troço desfiado? Eu disse, volta pra cama. Tem razão, vai que assim eu me esqueço da outra. E perder o ravioli?