26 de março de 2012

Ponto de partida


"Where does one start
To pick up pieces
Of a gasoline heart?"
(Anberlin - There is no matematics for love and loss)


Hoje até então não tinha nada diferente, a mesma espera debaixo do sol escaldante pelo ônibus, o mesmo veículo que chega logo depois do 172Y. Entrar no ônibus, girar a catraca, fitar pessoas desconhecidas em seguida procurar pelo mesmo lugar de sorte no marco zero daquele compactador de arquivos humanos. A lata de sardinha se movia e seu motor roncava à nostalgia, as mesmas crianças esmolando no farol, até os loucos eram iguais e comigo não era diferente, coloquei os fones de ouvido para voltar no único lugar que naquele momento realmente valia a pena estar: Meu mundo.



Meu mundo.

Por isso naveguei entre várias sintonias de diversas rádios, encontrando a playlist que me agradava, ou que eu pelo menos conseguia pensar na minha vida. Eis que de muitas probabilidades não lineares, Eros ou o destino entorta ainda mais meu pensamento, tangenciando isso ao acaso a sua música começa a tocar. (Tanto lugar para fazer bagunçar porque justamente comigo? )

Sua música.

Eu odeio sinais, não acredito no destino e muito menos em músicas aleatórias. Entretanto como negar? Meu sorriso bobo não disfarçava, cada música que tocava enfeitiçava minha mente e me fazia pensar em ti,  em nós e mirabolar diversos planos, e de repente eu via: cabelos castanhos, olhos de boneca, pele alva. Em todo lugar: no sorriso de um estranho, nas pessoas que andavam apressadas e no verde das poucas árvores que ainda restam aqui. É difícil entender, enquanto isso o tempo passa e as rodas do ônibus esmagam o asfalto cheio de sonhos.

O tempo passa.
E eu entendo.



Sonhos românticos não fazem a realidade de um descrente como eu. Conheço seus defeitos tão bem quanto suas qualidades e por mais que uma parte de mim queira acreditar, sempre o ônibus vai parar no mesmo ponto na avenida dos loucos, na mesma hora (com variação de minutos) ,  vou tirar os fones de ouvido, me desligar de você para andar na linha novamente de volta pra casa.

Mas eu vou te ligar, talvez.

                                    (Rômulo)
Desafio do Marceneiro:

Você tem a mínima ideia se existe realmente um destino?



Boa noite leitores, bom dia, para qualquer hora que ler este texto.


Enquanto isso continue seguindo com a vida, sem parar em qualquer ponto, se você me entende : )

Nenhum comentário: