18 de junho de 2011

O espantalho



Com o espantalho, eu aprendi a ter paciência.
Todos os dias eu olho meu milharal da varanda e vejo o espantalho na mesma posição, esperando o milho crescer. Fica lá, esperando o milharal bater em seus braços, ser recolhido e renascer. Assim, por toda sua eternidade feita de palha, ele sabe que tudo acaba, mas também sabe que muito nasce onde algo termina. E que nada pode mudar isso senão o tempo.


Com o espantalho, eu aprendi a ser resistente.
As estações passam, e com elas vêm todos os tipos de problemas: chuvas, geadas, abutres, ventos. Mas lá está o espantalho, sacolejante mas sempre firme em sua estaca, atento com o milharal a todo momento.

Com o espantalho, eu aprendi a dar valor aos dias.
Ele sempre olha para a mesma direção, vê o sol nascer e nunca o vê se pôr. Mesmo assim, ele continua sorridente. Para o espantalho, não importa se o dia nasce chuvoso, ensolarado, triste ou alegre. Ele está feliz porque o dia nasce para ele.

Com o espantalho, eu aprendi que sempre tenho algo a aprender.
E ele, por sua vez, aprendeu que até mesmo um espantalho tem muito a ensinar.

*

Sempre que falo que não vou mais postar aqui, eu começo a postar loucamente. Ironias da vida, sacumé.

Eu sei que estou usando demais essa parte final dos meus textos como desabafo, mas é meio que necessário. O papel e a caneta é o que me salvam, sempre me salvaram.

Mas a salvação está muito próxima da danação.
Tschüss!

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