24 de junho de 2011

Bom dia!

Uma das histórias começa no fim de viagem de um casal de namorados. Quando ele está indo embora, ela começa a chorar desesperadamente, até soluça. Ele volta e a abraça, pensando se ela realmente sentiria tanta falta dele quanto parecia. Eles se amavam e tudo o mais, mas era só um fim de viagem. Eles se veriam de novo.
— Por que você tá chorando tanto? — Ele pergunta, com medo da resposta. Ele nunca via sua namorada chorar, pelo menos não tanto.
— É que... é que... Ah, não quero falar.
Demorou um bom tempo até que ela conseguisse arranjar coragem para falar. Repetia que era uma coisa boba, mas seu namorado queria muito saber. Estava preocupado demais com ela.
— É que... eu não vou mais ouvir seu bom-dia todo dia. Ou melhor, eu não vou mais ouvir qualquer bom-dia quando eu acordar.
E o namorado, subitamente, percebeu que um ato tão simples como beijá-la às oito da manhã e abraçar seu corpo vestido com uma camiseta gigantesca dele não era "um ato tão simples".

O bom-dia é uma coisa séria, meu caro. Você diz "bom dia!" para o cobrador do ônibus que pega todo dia? Cumprimenta seus companheiros de trabalho, acena para um conhecido na rua, ou pelo menos sorri com sinceridade para um mendigo que só precisa de um segundo de atenção? Às vezes, o bom-dia que você dá para alguém é o único bom-dia que essa pessoa vai ouvir pelo resto do dia.

Outra história é a de um professor da USP, que para sua tese de mestrado em psicologia — ou algo assim, minha memória é falha — trabalhou como faxineiro de sua própria universidade por um ano. Nesse período, podia ser contado nos dedos das mãos as vezes em que alguém o desejou um bom-dia, por mais que fosse por simples impulso. As pessoas preferiam vê-lo como objeto da paisagem, e até esbarravam nele sem dizer nada. Ele e um cone lado a lado pareceriam a mesma coisa para qualquer um que passasse por eles.

Você já parou para pensar na importância de falar e de ouvir um bom-dia? O mundo pode melhorar por causa de uma frase que dura menos de um segundo para ser dita. Isso não é questão de educação nem de boas maneiras, é de solidariedade. Dizer bom dia é fazer com que alguém se sinta importante, se sinta onde está, se sinta vivo.

A última história é minha, uma fração de segundo enquanto eu andava com a minha já falecida avó pela rua. Um homem desconhecido, vestido com um paletó impecável e arrumado como que para o casamento do Príncipe William, simplesmente passou por nós e disse "Bom dia", no meio de sua pressa para chegar ao trabalho. Nem chegamos a ver o rosto do homem, mas aquilo trouxe um certo desconcerto em nós dois. E depois desse desconcerto de pensar que ninguém dá bom-dia a estranhos, ficamos alegres dele ter falado isso para nós dois. Hoje em dia penso nele como alguém que semeou sorrisos por aí, e deve semear até hoje. Alguém que sabe a nobreza dessa ação.

Então, para todos vocês, um bom dia.

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Esse é o meu primeiro ensaio aqui no Heavens Will Burn, e espero muito que vocês tenham gostado. Afinal, estamos aqui para salvar o mundo com nossas palavras.
Ah sim, antes que eu me esqueça: Sigam o @heavenswillburn , agora que ele está pop e com o quadro #Signswillburn , sobre horóscopo e a coisa toda. Aposto que vocês darão vários RTs em nosso anjo caído do Twitter, hahahahaha
E uma última coisa, uma coisa boba: Para vocês que realmente gostaram desse texto, vejam esse link: http://tinyurl.com/5tpgp3q . Não importa onde estiverem, com quem estiverem e nem com que humor estiverem, sempre digam bom-dia.

E digam tchau também, como faço agora.

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