3 de junho de 2012

Conselho


Disseram um dia que há nesse mundo
muitas estradas diferentes para a morte.
Mas as trilhadas por mim, tão sem sorte,
que agora sinto arrependimento profundo.

As escolhas erradas, a falta de tato,
minha falta de ação, os passos em falso;
tudo me levava a meu destino insosso,
enquanto a morte preparava seu ato.

Vivi como quem está morto por dentro,
putrefato, cansado e aborrecido demais.
Achava que a missão da vida era ter paz,
até quando veio a morte ao meu encontro.

Aí já não havia mais paz, nem falsa alegria,
tudo era bem real: um tapa em meu rosto.
A mais temida por todos tomou seu posto
e veio ter comigo em minha companhia.

Meus ossos se gelaram, meu sangue fugiu
das veias tal qual areia da ampulheta.
A ladra de vidas tocou-me sua palheta
num baque, a vida por meus olhos se esvaiu.

Minhas parcas lembranças tolas, todas
de uma vez me apareceram e eu chorei.
Não havia nada digno da vida, bem sei.
Mal aproveitei dela suas horas puídas.

Muito embora para mim seja tão tarde,
venho aqui deixar-lhe aviso, amigo meu:
aproveite bem a vida, e não seja como eu
que passei por ela, sem fazer qualquer alarde.

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