27 de novembro de 2010

Por deus, pelo rei e por minha honra!



B
andeiras propalavam em torno do céu tomado por um vermelho intenso, a cruz feita de ouro reluzia à luz vinda do sol no centro da minha armadura. Segurava a espada que era do meu pai, porém tudo era diferente agora; minhas mãos estavam trêmulas demais, a intensidade da tremedeira aumentava quanto mais a muralha de aço afastava as extremidades.
Por deus primeiramente, a pedido do rei e finalmente por minha honra! Todas as defesas do inimigo sucumbiam debaixo da minha sola,porém aquilo não era o fim, na correria do momento muitos homens buscavam sanar sua sede por ouro, outros apenas sua própria sede por sangue.

O tempo passava muito devagar, como se cada instante daqueles milésimos de segundo fossem eternos. Um último suspiro, uma última chance, e então uma tropa de arqueiros sarracenos dispararam violentamente contra meus soldados. Como um cavaleiro templário, um ser duplamente armado por sua fé e sua armadura poderia ser atingido por simples flechas? Foi o que pensei quando o sangue corria como um rio debaixo da minha armadura três flechas perfuraram minha armadura, o peito dilacerado por um amor e um ideal sangrava. Dizem que tudo fica turvo na hora da morte..

Porém comigo foi diferente tudo ficava mais claro, ajoelhando perante minha vitória vi um pouco do futuro nos meus momentos derradeiros, enquanto me apoiava sobre minha espada. O exército do meu senhor tomava a cidade, o anel no meu dedo indicador que antes me fazia nobre, agora jazia no chão em um imenso rio de sangue: Meu sangue e de todos outros mortos, amigos ou inimigos agora não importava. E para o rei esse rio de sangue era na verdade um tapete vermelho de boas vindas: Os novos escravos, riquezas e poder.

Foi então no momento que respirar já não era possível, e a luz abandonava meus olhos um anjo apareceu, ele trazia uma balança em sua mão direita uma espada na esquerda e estava vendado. E a voz dos céus trovejou lamentando pelos homens que submissos a vontade de outro homem que usava a palavra de deus para seus próprios ideais mesquinhos.